sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

a casa do Oswaldo Montenegro

a casa do Oswaldo Montenegro
(Vinícius Andrade)

sou retardado
como o Oswaldo
e superdotado
como o Oswaldo

vou pintar minha casa
com cores surreais
tão reais
que o tédio não haverá de passar

vou compor canções
tão canções
que minha necessidade
de realidade
me exntinguirá
e eterno não hei de ficar

vou dar uma sumida
por tempos
para ser menos
para ser mais
para ver mais
tentar dar uma subida

vou me pintar
como Marina Morena
como criança pequena
vou me caprichar

vou oswaldear a vida
ou seja
sei lá

O Fim do Show

O Fim do Show
(Vinícius Andrade)

preparo
toco
arrepio
erro

reparo
toco
aplaudem
choro

disparo
toco
anseio
de novo

bis faço
toco
aplaudem
morro

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

lá vem o circo...

lá vem o circo...
(Vinícius Andrade)

palhaços hi-tech
adentram a lona hi-tech
após o ato dos malabaristas hi-tech

o contorcionismo hi-tech
do corpo hi-tech
da contorcionista... isso é hi-tech

a aflição
o riso
o nervosismo
a pulsação

as minhas emoções
quando entro num circo
e tal criança, fico
estas são tradicionais

não têm nada de hi
nem de tec
são velhas e conhecidas,
mas também não caem

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Adeus, Adeus

Adeus, Adeus
(Vinícius Andrade)

com pesar
apesar dos sentimentos
eu te peço o coração
que me tomou
e recuso os lamentos
que o povo suscitou
para, assim, suportar

com pesar
apesar desses tormentos
exijo consideração
que não mostrou
quero agradecimentos
pelo choro que brotou
para, enfim, passar

com pesar
apesar do meu momento
eu me nego a solidão
que me rogou
prezo cada verso bento
de jesus, são salvador
para, amém, curar

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Poema dos Poemas

Poema dos Poemas
(Vinícius Andrade)

palavras
uma embaixo da outra
formam um teorema
inexplicável
e ilógico
que não é feito
para ajudar a entender
nem ajudar a confundir
teoremas, estes,
feitos para serem feitos
e para serem elogiados
e, assim, denominados
poemas

fontana di trevi (poema/canção)

fontana di trevi (poema/canção)
(Vinícius Andrade)

conheço muito bem esse lugar
sem nunca eu tê-lo visitado
assim como conheço você
sem nunca ter-me amado

vou jogar moedas na água
e aguardar o milagre esperado
ver-te sorrindo, sorrindo e sorrindo
correndo aqui... aqui pro meu lado

é assim que se consegue um amor
dos que vão durar
até a vida findar?

é assim que se consegue um amor
em sorte apostar
sem se ajoelhar

fiz promessas à italiana
pra me confiar sorte nos dados
vir pra cá eu juro que faria
de barquinho ou mesmo que a nado

tatuagem do seu pai faria
o rosto do velho desconfiado
fôsse essa uma condição sinequanon
pra morrer contigo abraçado

sonho dentro da caixa

sonho dentro da caixa
(Vinícius Andrade)

você se casaria
comigo?
seríamos felizes,
mesmo que presos
dentro de uma caixa.
a felicidade dita
o resto é nada

eu me casaria
contigo...
seríamos felizes,
mesmo que bêbados
num carro sem marcha
a felicidade imita
nossa toada

Uma questão ditatorial

Uma questão ditatorial
(Vinícius Andrade)

Esperar pelo alheio
cansa
ou dá mais fôlego?

faz o coração
e as pernas
mais fortes?

recompensa
bem,
mas recompensa?

esperar pelo alheio
é correto
ou indigesto?

Dor

Dor
(Vinícius Andrade)

hoje dói.
dói bastante
dói constante

amanhã doerá.
doerá o restante.

não uso óculos

não uso óculos
(Vinícius Andrade)

me recuso a usar óculos
a verdade é doída
faz-me carne para abate
faz-me alma moída
com todo o sofrimento
que sinto agora
neste exato momento

me recuso a usar óculos
a verdade é ardida
faz-me sopa de sangue
come-me de forma dolorida
e causa tanto tormento
sem hora
e sem arrefecimento

a falta que a inspiração faz

a falta que a inspiração faz
(Vinícius Andrade)

isso é nada
é bobagem
fazer poesia não depende de inspiração
e não depende também de transpiração
depende apenas de dor.

Poema/Recado

Poema/Recado
(Vinícius Andrade)

poesia não é recado
recado não alivia
não traz à alma
nenhuma companhia
poesia não é recado
recado é alegria
que finge calma
com alguma vilania
poesia não é recado

domingo, 18 de dezembro de 2011

intuição

intuição
(Vinícius Andrade)

Você diz ter intuição
eu acredito na razão
eu tenho a situação
sob pontes de madison

beijam-se a sua intuição
e a minha certa razão
em alguma situação
em plena sobreposição?

tristeza e alegria em vão.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

poema da calvice


poema da calvice
(Vinícius Andrade)

cabelos crescem...
desaparecem!
...e os homens todos tensos
com frondosas frontes
cheias de espaços
para ventos alucinados
e mosquitos famintos
e tapas devassos

Rio-SP


Rio-SP
(Vinícius Andrade)

sabem não,
os paulistas
que sou sério
e que trabalho
ao contrário
dos autistas
esses paulistas

sambam não,
os paulistas
que falam sério
mas não trabalham
ao contrário
são artistas
esses paulistas

Processo Internorgânico


Processo Internorgânico
(Vinícius Andrade)

'ranca os toco
tira as podridão
cata os lixo
expurga os nojão

limpa-me o português
aprenda gramática
traduzam-se
as minhas cartas

enche de si
e de obsessões
o que chama de ti
mais ilusões

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Virtual Insanity


Virtual Insanity
(Vinícius Andrade)

habemus novidades
nesse mundo de insanidades
virtualidades e bestialidades?
ou continua tudo igual
tudo guiado pelo bem contra o mal
e na paradoxal ilusão
que é sentir-se obsoleto
achar que participa do progresso
e dormir

O Câncer do Sambista


O Câncer do Sambista
(Vinícius Andrade)

ele, com sua garganta
canta
e encanta as massas
com notas
e com sambas

ele, na sua garganta
pranta
e apavora as baianas
com notas
médicas

Amigo Oculto


Amigo Oculto
(Vinícius Andrade)

é você?
ou você?
ai, que dúvida...
que ansiedade...
graciosidade
da brincadeira
que de certa maneira
me faz ignorar o presente
e só querer saber, realmente
quem me tirou
que alma me tirou
é você?
ou você?
hein... hein...
quem???

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Máquina de Pensação


Máquina de Pensação
(Vinícius Andrade)

sei não se vou pro inferno
ou se vou pro tal do céu
afinal, vivo num mundo cruel
em que se mata em desespero

sei não que que vai acontecer
quando eu tiver um treco
e meu corpo virar boneco
dizem que vai até luz aparecer

sei não que que é religião
que que é filosofia, eu diria
essa que o povo tem idolatria
pra onde meus ideais vão?

sei não, de nada, sei nada não
e me perco tentando pensar
chega sair fumaça de cá
da cabeça: máquina de pensação

Tropicália


Tropicália
(Vinícius Andrade)

sou brasileiro
logo
sou de pandeiro
sou metaleiro
soul funkeiro
som mineiro
som caseiro
sou cabreiro
sou parceiro
sou ligeiro
sôrratêro
som maneiro

bem maneiro...

O instrumentista apaixonado


O instrumentista apaixonado
(Vinícius Andrade)

me anima muito
pegar minha guitarrinha
plugá-la num ampli
de um estúdio qualquer
isso me deixa bem feliz
me dá novo sentido
à vida, me recarrega
pena, porém, ah, porém,
que não toco guitarra.

Terças-Feiras


Terças-Feiras
(Vinícius Andrade)

terças-feiras,
ao contrário do que dizem as massas,
me alegram.

terças-feiras,
ao encontro do que sentem as putas,
só passam.

terças-feiras,
quartos dias
de uma feira livre
que virou meu coração
quando amor
vez primeira
tive

Vinícius Andrade


Vinícius Andrade
(Vinícius Andrade)

eu gostaria muito
de evoluir
e de não me limitar
prazer.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Maçã


Maçã
(Vinícius Andrade)

fruta,
ó maçã-fruta,
despeje seu amarelo
por sobre minha língua
abra meu céu da boca
como um martelo
para fluir nas papilas
um gosto ácido-delícia

o jeito mais fácil

o jeito mais fácil
(Vinícius Andrade)

de esconder a idade
é fugir da cidade

de cantar afinado
é nascendo afamado

de dizer 'eu te amo'
é no início do ano

de apresentar trabalho
é fazendo trabalho

de compor canções
é abrir corações

de não dizer o óbvio
é desconstruir o lógico

de buscar sucesso
é não pensar em sexo

de aprender
é ser

de concluir
é rir

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Lady Gaga


Lady Gaga
(Vinícius Andrade)

there's a lady
in every you
inside the soul
going out now

terça-feira, 29 de novembro de 2011

poemete ao amourète


poemete ao amourète
(Vinícius Andrade)

sentir algo bonito
como o que sinto
faz-me melhor
e menos pior
torna bacana
salva-me a alma
sentir algo memorável
como o amor, é adorável

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Poema das perguntas


Poema das perguntas
(Vinícius Andrade)

oi?
como vai?
tá tudo bem aí?
quem tá falando?
é importante isso?
quero mesmo saber?
dá pra me responder?
a quantas anda, meu caro?
tem gente ouvindo ou lendo?
como me faço ouvido ou lido?
ok saber se você gostou ou não?
ok querer compartilhar contigo?
ok não estar em dúvida quanto ao que escrever?
ok estar seguro sobre tudo, menos, sobretudo, tudo?
sente-se bem em saber que a poesia questiona o mundo?

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

go home poem


go home poem
(Vinícius Andrade)

não é preciso muita coisa não,
acredite em mim,
pra gente ser feliz

é achar uma casa com portão
florá-la com jasmim
sem tentar ser atriz

e ir pra casa, deitamos no chão
mas deitar, enfim
no chão que se quis

vamos construir nossa habitação
papear sem fim
sobre canis e afins

mora comigo nesse canto bom
descobre que é fácil, sim,
como ninguém diz

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Poema da Construção


Poema da Construção
(Vinícius Andrade)

...estou under construction
ad eternum
não encha
não pergunte
não queira saber

quero ser
quero crescer
quero chegar a algo
quero atingir nenhum fim
sou assim

vá pro inferno
não tem ainda
um porquê
um que
é isso, pronto e sem mais quê

estou down under
surfando meu eu
à beira de mim
sem ninguém à volta
sem volta

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Poema das Pragas


Poema das Pragas
(Vinícius Andrade)

não rogue pragas!
não me conjure tal maldição,
herege!
deixa-me inebriar pelo efeito da efêmera inovação!
deixa-me!
não me traga à tona a realidade.

odeio-te
por ter-me dito a pura verdade
nada mais que a verdade...

ó
sofro

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Faster, Faster! Faster!!!


Faster, Faster! Faster!!!
(Vinícius Andrade)

...droga






já passou

e eu não curti...

não, de fato, curti

o que era para ser sentido

foi tão rápido

tão não-intenso

que nem sei.





vivi?

vi?

senti?












...droga

domingo, 20 de novembro de 2011

respeito à vida


respeito à vida
(Vinícius Andrade)

vou beber
fumar
dançar
tirar a roupa
beijar
amar
e gastar.

tenho medo

Caramba!


Caramba!
(Vinícius Andrade)

que onda...
ir-me a mim
ao fim de um dia assim,
da ponta da minha mente
ao fundo do meu ínterim

bacana demais isso
ir-se a si
ao início de um fim
da esquerda vertical
à direita horizontal

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Desculpa-me, Ama-me


Desculpa-me, Ama-me
(Vinícius Andrade)

amor que tanto amo
diva sem tamanho
vamos haver de convir
que toda esta situação
não pode, não, servir
como elo de comparação

eu, ser feio, gordo e besta
qual mal bato à sua testa
exigir de ti, musa morena,
falar a mim teu problema

eu, ser luso, chato e calvo
poeta, inútil e desafinado
querer ousar compor samba
com ti, música bossa nova

sequer faz algum senso
falar em base, se é o acaso
quem guiará seu coração
e pavimentará à razão

tranquiliza-te, amor
pois só à paz deve-se louvor

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Macondo


Macondo
(Vinícius Andrade)

eldorado
terra fértil
local do amor vivido
e infantil

macondo
saída da imaginação
desconfio ser todo
um processo de alucinação

relações
e profundezas psicológicas
escritas sob dimensões
superficialmente antológicas

macondo
emaranhado
que sigo desconfiando autor ter estado
em estado emaconhado

Benôit-Seize


Benôit-Seize
(Vinícius Andrade)

beije-me
Bento ser
para ser bento
para ter amor
para deixar de ser lento
em meus pensamentos
e na minha vida de homem pequeno

beije-me
Bento ser
para ser bento
para ser melhor
para tentar ser atento
aos perigos violentos
de um mundinho tão vil e tacanho

beije-me
Bento ser
para ser bento
para ter humor
para compor com talento
artes com venenos
que explodam o pouco entendimento

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Respeito à Loucura, essa vã


Respeito à Loucura, essa vã
(Vinícius Andrade)

numa viagem
em que se vê feixes azuis
e ouve-se intensamente o som
a questão da normalidade
volta à tona
perturba
chega intrusa
e o assunto é tão demodè...
aquela velha baboseira
se o normal é o normal
ou o estado escondido,
somente trazido para a mente
e, em consequência, para vida
quando se excita
quando se exercita o direito
de questionar-se sobre isso
sobre o normal
o atual
o anormal
e o natural

ignorar o status quo
idiossincratizar o eu
é tentador...

tentação, forte tentação
sucumbir à loucura
não fugir,
mas escolher outra porta
o que é isto?

"estímulo
vergonha
culpa
medo
prazer
hipocrisia
violência
argumento"

alguns pensamentos...

As Folgas


As Folgas
(Vinícius Andrade)

fico alucinado
encantado
com dias em que porra nenhuma
me é cobrado fazer, dever, dizer

ando precisado
e buscando
umas vezes em que o pleno ócio
seja-me ofertado sem cobrança

me deixei pra lá
engordado
como seria comer, comer e comer
e ter vestir sempre calça n° 40?

estou enfadado
deseducado
imaginando seria ser grosseirão
sem qualquer consequência

domingo, 13 de novembro de 2011

Bicicletas & Bicicletas


Bicicletas & Bicicletas
(Vinícius Andrade)

eu quero pedalar
daqui
até depois de lá

gosto de bicicletas
por aí
em todo lugar

eu quero cantarolar
de mim
pensamentos musicar

vou desacorrentar
enfim
meu medo de andar

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Lágrimas em Paquetá


Lágrimas em Paquetá
(Vinícius Andrade)

os degraus molhados da escada do parque
me fazem pensar se Deus, ao fazer amor com a luz,
com a lua,
suou e, bem cansado, fez chover bem ali...
por onde subo

subo não para ficar mais perto dele
ou para ver com meus olhos o molhado chovido
subo para subir
escrevo para escrever
comparo chuva ao suor de Deus para comparar

e só

Pedidos para 2012


Pedidos para 2012
(Vinícius Andrade)

quando eu pular sete ondas
para cada uma
pedirei que
me molhe
me queime
me arda
me fira
me abra
me morda
me destrua
mas não passe impune
essa vida
estranha vida

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Canseira


Canseira
(Vinícius Andrade)

fiz tanta
tanta coisa hoje
mas tanta
tanta coisa eu fiz
que amanhã
manhã
tarde
noite
dias mil
por milênios e por décadas
eu somente quero....
...dormir

Stress


Stress
(Vinícius Andrade)

arranque a minha cabeça
e não ponha-a de volta
mate-me logo
para cessar essa vida torta
ando nervoso,
nervoso sou
não me perturbe
apenas up the blow
não peço amor
não peço grana
nem que fale mais alto
ou que diga que me ama
é tudo muito simples
vou dizer bem explicadinho...
não diga, momento algum
que estressado sou
ou que sou nervosinho

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Subir em Árvores


Subir em Árvores
(Vinícius Andrade)

a expectativa
de ficar bem, de ficar feliz
atrapalha a sensação
o êxtase final
aquela busca do bom
do viver tão, tão bom

é pouca coisa
o que realmente acontece
mente e coração
um êxtase, afinal?
minha procura
pela cura, pela cura...

o caminho
para onde, onde vou
me guia então?
pagaria pelos anos
que perderia
caso desse tudo errado

domingo, 6 de novembro de 2011

Poema do medo liberal


Poema do medo liberal
(Vinícius Andrade)

libre
libreidade

vivo a idade
de se ocupar com a procura
da liberdade
da liberal idade
da liberalidade

não vou fechar os olhos não...
tenho medo de perder
de ver ir embora
de nem ver ir embora
minha liberdade

Que tal...?


Que tal...?
(Vinícius Andrade)

que tal ser meu pinguim?
morar em cima da minha geladeira
curtir essa vibe pela vida inteira
me adornando a casa
minha prateleira

que tal ser meu bombom?
marrom ou branco, forte ou leve
morar nessa caixa pela vida breve
me engordando a pança
minha paranoia

que tal ser meu violão?
tocar-me com suas notas afinadas
sentir vibrar a mizão endiabrada
me harmonizando a casa
minha preferida

sábado, 5 de novembro de 2011

Poema da satisfação


Poema da satisfação
(Vinícius Andrade)

vou pracompanhar
vou comer não...
vim aqui demonstrar
um pouquinho dafeição

'que os anos trouxeram
pelo que tu me fez
pelos carinhos
pelos anos em si

vim dizer bom dia
desejar boa noite
vim cobrir-te
do frio forte

to chegando e indo já
essa voz é de alegria
e esse tom é meu sinal
da minha paz, darmonia

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Retrô-2004


Amor-Retrô-2004
(Vinícius Andrade)

eu bem que tentei
dei chances
meu braço torceu-se
esforcei-me
o suor bateu às teclas
e todo o humor
que um dia eu já tive
virou vontade de aceitar
o novo, a versão 2.0
o beta
o que me foi imposto
e talvez por isso
a tradição falou mais alto
e meu costume latente
que pulsa como veia
que regra sobre mim
fez-se valer
voltei à versão antiga
querido gmail
não foi desta vez
que me rendi
amo-te
mas amo mais a mim

abestado homem abastado


abestado homem abastado
(Vinícius Andrade)

eu tenho tudo
não preciso de você
e não estou à mercê
do mundo

eu quero tudo
justo para dizer
que tenho até o ter
sou dono

eu faço tudo
que há para fazer
gasto o meu viver
mudo

eu topo tudo
que grana trouxer
pois dinheiro é
lindo

Ser Artista


Ser Artista
(Vinícius Andrade)

eu queria ser artista
mas acho que
para ser artista
você deve ser artista
e não necessariamente
ser artista

como matar a vontade
de ser artista
sem ser artista
mas sendo artista?

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Oração a São João Batista


Oração a São João Batista
(Vinícius Andrade)

São João
livrai-me
do medo da morte
batizai-me
mostra-me o norte
seja meu amigo
ouve meus lamentos
proteja meu abrigo
e cancele meus débitos

ai ai ai, São João...
tá tão complicado
sobreviver decentemente
aqui nessa terra, nesse lado
destruído, amargurado
tá tão, tão, tão difícil...
que oro a ti, santidade
livrai minha cabeça
desse mundo-precipício

empurra-me
são joão, amigão
dá aquele abraço forte
dá aquele aporte...
fala lá com os homens
pede tempo
pede que cesse o tanto
negocia o meu pranto
corrige minha ansiedade

ajuda, São João
tu que é o cara
que naquela época
em meio a todo nada
fez justiça
com as mãos e com fé
imagine agora
com essa tecnologia
se não me é capaz de atender?

domingo, 30 de outubro de 2011

Caramba!!! (uma irônica homenagem às obviedades)


Caramba!!! (uma irônica homenagem às obviedades)
(Vinícius Andrade)

...e outro ministro caiu
e o comunismo ruiu
e mais um músculo doeu
e meu filho ainda não nasceu
e a novela acabará bem
e o macarrão cairá muito bem
e sorvete no calor também
e o meu time tá muito aquém
e eu sinto que estou quase lá
embora não me ache no lugar
e tem mais comida aqui
e menos sabor para curtir
e tanto casal por aí
e tudo canalha, meu fi...
e nossa senhora a rogar
e seu filho a sangrar
e futebol para jogar
e dinheiro para tentar
e cemitérios para evitar
e roupas para lavar
e louças
e loiras
e moças
e coisas
e coisas...
e outras coisas

Halloween é o cacete!


Halloween é o cacete!
(Vinícius Andrade)

nós, seres hormônios fascistas
ao casarmos com as relativistas
vamos tirar o véu da dúvida
botar uma aliança conservadora
e carregar a custosa grinalda
para frente, para a guarda
dos bons costumes do passado
para o bem do brasil torturado

poema da nova poesia


poema da nova poesia
(Vinícius Andrade)

porque
temos
a
impressão
de
que
toda
nova
poesia
não
presta
não
inova
em
nada
ou
é
uma
grande
merda?

eu
duvido
eu crio

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O Quase Chorar


O Quase Chorar
(Vinícius Andrade)

Hoje quase chorei
mas não chorei
porque se tivesse,
se chorado tivesse,
não teria mais sido
um quase choro

O quase chorar
ainda tem a dor
a dor do quase
e, prepare-se,
pois o momento
há de chegar

compor sobre a dor
que motiva o quase
é perturbador
e talvez uma falácia
já que a exposição
talvez tudo derrube

e derrubando tudo
todas as lágrimas
todo o processo
finda finito e tal
morre a expectativa
do quase choro

ode ao ódio


ode ao ódio
(Vinícius Andrade)

o ódio
que brotou com força
veio de fora pra dentro
e lá dentro ganhou mola
para o meu lado de fora

o ódio
cheíssimo de fundamento
mudou meu pensamento
sobre o próprio ódio

o ódio
que só a mim desafora
desfez o ódio

o ódio
não subiu ao pódio

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Arpoador


Arpoador
(Vinícius Andrade)

nada, absolutamente nada
aconteceu
ou acontecerá
enquanto eu estiver a esperar

arpoador
noite
dezoito graus
umas e outras ondas a estourar

areia cobre os pés
a roupa, com água, gruda
mas nada... nada acontece
se eu mesmo não me levantar

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Poema do cara que quer pensar


Poema do cara que quer pensar
(Vinícius Andrade)

vou-me sentar um pouco
aqui... ali, em todo lugar
pensar em coisas bobas
ou no que me deixa louco

vou pensar em ti
me inquietar de leve
pensando no que pensas
vou repensar-me a mim

vou-me sentar um pouco
e juntar as impressões
que tenho de cada símbolo
para concluir tão pouco?

vou mesmo praí
m'embora do correto
do safo, do sensato
pra poder sentir?

domingo, 23 de outubro de 2011

céu grisalho


céu grisalho
(Vinícius Andrade)

muito, muito estranho
acordar e olhar para cima
ver um céu sem sol, sem clima
ver formar-se um dia cinza
na atmosfera envelhecida
de uma manhã sem cores
entardecerdes sem tons

um dia grisalho evidencia,
por meio da natureza
a aproximação do fim
com o começo da minha tristeza

sábado, 22 de outubro de 2011

poema dos filósofos


poema dos filósofos
(Vinícius Andrade)

tenho a impressão
que todos os sócrates
tendem a ser espertos
bons de bola
grego, brasileiro
português ou galego
daqui, dum mundo de outrora
caras de todo modo, sinceros,
caras chamados sócrates

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Copacabana


Copacabana
(Vinícius Andrade)

é caríssimo
eu julgo, não sei...
mas boníssimo
o ar de copacabana
aquelas gentes
e semi-gentes
e tantas frentes
de humanidades
de sub-humanidades
vida bacana
vida única
copacabana
a confusão
a feira de domingo
os metrôs, os camelôs
os mendigo
ah... confusão
de um metro quadrado
hiper-ultra-mega-lotado
o que seria copacabana
sem sua farta vida plena?

poema do vício ao viciado


poema do vício ao viciado
(Vinícius Andrade)

quanto mais você me odiar
mais dentro de ti
hei de me petrificar
somos unha e carne
não vê
que sem mim tu não arde?
não enxerga o quanto nos amamos?
as vísceras que destruímos
e o quanto nos misturamos?
eu faço parte de você
e gosto bastante
do fato de, de fato, eu te ter

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Lolla


Lolla
(Vinícius Andrade)

baby dog,
você me faz idiota
conscientemente
você me faz idiota
e, porque não dizer,
poliglota
ao falar idiomas inventados
ao usar fonemas retardados
e entonações vocálicas
de uma mente boçálica
bacana isso...
ter um cão
dar-lhe um chão
e chegar à conclusão
que basta mover um grão
bobagenzinha de ação
e o mundo vira menos mundo cão

Humaitá


Humaitá
(Vinícius Andrade)

quis morar
morei
morarei no Humaitá
novamente, mais uma vez
quem sabe quando, talvez?
mesmo achando metido
esse cantinho de nada
aquela localização bizarra
numas árvores
umas pessoas
um muito de moda
um mito de cada
gota
de uma lagoa
de fogo botado
de um humaitá
adotado

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Occupy


Occupy
(Vinícius Andrade)

Ocupe, somente
ocupe sua mente
ocupe wall street
ocupe a cinelândia
e ocupe também
o buraco da infância
ocupe, porra, ocupe
e se preocupe
ocupando-se e cuidando
de você e de mim
só não pare de ocupar
afinal
somente ocupando
de noite, de madrugada
de manhã, à tarde
se alcança a liberdade

domingo, 16 de outubro de 2011

poema-desafio ao monstro consagrado


poema-desafio ao monstro consagrado
(Vinícius Andrade)

virou marca
foi-se seu tempo de liberto
de desnudo
de peito aberto
acabou tudo
que podia dizer de novo
de bom, de diferente
de criativo
então, eu-povo, me atrevo
pergunto e desafio
em tons suave-bandidos:
dá-me motivos
para comprar seu novo disco

New Your Times


New Your Times
(Vinícius Andrade)

pauta, texto, vida
tempo de reflexão
de análise crítica
pensamento, versão
futuro da mídia
social media creation
hard news noite-dia
fontes de inspiração
pra poesia

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Correria


Correria
(Vinícius Andrade)

correria
correr iria
se valesse qualquer coisa
se me levasse a um fim
se no fim do giro, chegasse lá
e fizesse sentido pra mim

correr não iria
de maneira nenhuma
correr para que?
correr iria para que?
absolutamente graça alguma
ser onda fraca sem espuma

corri
não corro mais
as panturrilhas doem
não me canso ademais
ando preguiçoso e zen

ferida aberta não-lida


ferida aberta não-lida
(Vinícius Andrade)

cada dia que está passando
sinto sendo como um livro
que não li
e nem lerei
sequer abri ou peguei
mas sigo conhecendo-o
de maneira superficial
com comentários profundos

esses dias vão me ferindo
sinto-me puta e bandido
que não comi
nem prenderei
tampouco os entenderei
e continuo-me rasgando
o meu ser superficial
com deletérios imundos

A Fome


A Fome
(Vinícius Andrade)

no universo, há fome
na áfrica, há fome
no brasil, há fome
no sul, há fome
neste estado, há fome
no município, há fome
no meu bairro, há fome
na avenida, há fome
na pensão, há fome
neste cheiro, há fome.

Aniversário


Aniversário
(Vinícius Andrade)

meus parabéns
e muito obrigado
por tudo
por tanto,
e portanto,
leve teus
os meus parabéns

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

a aposentadoria do meu pensar


a aposentadoria do meu pensar
(Vinícius Andrade)

quero vida de eterna sexta-feira
como a de minha mãe
como a dos ricos fúteis
tais quais as dos descamisados úteis
na noite fria
com a alma frita
sem lã

não fosse pedir muito
queria ainda mais que sexta
gostaria é da aposentadoria
do meu pensar

a utopia dorme
na ausência da expectativa
no ser sexta-feira
e haver um sábado para eu me matar
e um domingo para me recompor

O Fla x Flu


O Fla x Flu
(Vinícius Andrade)

o preto-e-o-vermelho
que pega o verde-branco-grená
me faz pensar
no sentido que nisso há

a camisa-rival deles
que cheira a caipirinha
a me encucar
nessa história tão mesquinha

a bola nossa não entra...
questão interna de superstição
me faz odiar
o bar, o amigo e a televisão

o que não deveria jogar
nem no Flamengo, nem em luxemburgo,
me faz gritar
em altos brados, quanto é burro

o passe bonito
coisa de sorte, fração de segundo
nos faz vibrar
e vira-placar, vira-mundo

o branco, o preto, o amarelo
os que se conhecem, não sequer
me encantam
como o gol faz-se amar qualquer

O Olho Que Treme


O Olho Que Treme
(Vinícius Andrade)

Meus olhos tremem
e o manual da vida urbana diz,
é o estresse.

Agora... não sei se é estresse
pelo trabalho não-realizado,
pelo filme não-ainda-visto,
ou pela chegada,
minutagem contada,
da enamorada

Minto...
só o esquerdo é que treme
e nem olho, de fato, o é
é só o cílio, ou melhor
o que está acima dele
que se chama como?

Sobrancelha?
Sombrancelha?
ou Sombracelha?

e quanto mais penso nisso...
...mais o bendito-mal-dito treme
ai, meu Deus...
vou parar de pensar em ti, olho
e vou ver TV.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Mr. Cab Driver


Mr. Cab Driver
(Vinícius Andrade)

inside a cab
i think about life
about poetry
and things of my anglophony
i care, i wish, i write
i'm wise in this cab
surrounding lagoon
riding too soon
to the moon
i can see from the cab
this confortable cab
this miserable cab
driven by a wonderful bald man
breathing some fresh conditioned air
trying not to be so from here
guess i'll get out of here
guess i'll admit:
só faço poesia em português

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O Dinheiro


O Dinheiro
(Vinícius Andrade)

o dinheiro
não vai te salvar
não vai trazer o amanhã
não será conforto
não dirá o segredo
nem te tornará menos vilã
sequer desobstruirá
não irá revoltar
quiçá revolucionar
não há de compor
não há de criar
não há de transpor
não há de ousar
não renovará
não será lei, o seu dinheiro

necessariamente,
não necessariamente
não

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

iLife


iLife
(Vinícius Andrade)

foi a maçã libertadora?
quando caiu em nossas cabeças
ou nos tornou presas
da compulsão avassaladora?

foi a maçã inovadora?
em unir arte-tecnologia
ao unir-se informativa
foi a maçã transgressora?

foi a maçã revolucionadora?
no instante em que criou
a partir do momento, mudou
o paradigma humana-criatura?

foi a maçã melhoradora?
das nossas vidas vãs
para nossas fés pagãs
uma realidade redentora?

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Que eu sou eu?


Que eu sou eu?
(Vinícius Andrade)

ando me estudando
buscando inspiração
tentando saber
o que me tira do chão

tento achar
a mola que me empurra
que dá o start
a vontade que me emula

busco me olhar
pelo lado de fora
holisticamente eu
escutar-me pela porta

escrevo para que?
sinto até onde?
o que é isso?
qual é minha fonte?

faço escritos e cantos
canto pelo canto
sem preocupação
se estão gravando

amo como acho
convicto e curioso
de que não amar
não seria delicioso

quero a intimidade
de chegar e dizer
"ok, vamos lá
vamos lá ser"

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

poema da boa chuva


poema da boa chuva
(Vinícius Andrade)

quanto mais gente
aglomera-se
e mais e mais quente
fica-se
mais sei que papai do céu
faz tudo ao jeito seu
direitinho
certinho
estranhinho
providencialzinho
traz a chuva quando traz
faz o bem quando faz
chuva boa
vida boa

homeoffice


homeoffice
(Vinícius Andrade)

acordar
dormir
trabalhar
comer
cobrar
fazer
dizer
responder
organizar

ser fora da ordem
fora da sua ordem
fora da sua desordem

liberdade?

Três Irmãs


Três Irmãs
(Vinícius Andrade)

um sol
um feliz sol
um feliz, um branco sol
um feliz, um branco e um infantil sol
num só sol

ostra-homem-vegetal


ostra-homem-vegetal
(Vinícius Andrade)

a desorganização dos meus sentimentos
se reflete na minha casa
na minha casca
na minha alma
no meu proceder
até como vejo amanhecer
e no jeito como recluso meus pensamentos

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Poema do amor, do melhor amor


Poema do amor, do melhor amor
(Vinícius Andrade)

sabia que te amo?
você sabe que te amo
sabe das loucuras que quero
contabilizar ano após ano

sabe que é razão, motivo
motivação pela qual vivo?

sabe, você, que te deixaria
caso pensasse que não dá
que juntos não vamos brilhar
fôsse para ser feliz, te daria
liberdade, amizade
igualdade, fraternidade?

já chegou a saber de mim?
sentir algo assim
é ruim?
ama assim?

Quiproquós


Quiproquós
(Vinícius Andrade)

quando não entendes
quando não me entendes
quando não te entendes
morre um ser vivente
morre bocadinho da gente

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Poema Panóptico


Poema Panóptico
(Amanda Amorim e Vinícius Andrade)

Câmera de segurança
Camera, dê segurança
Câmera D - Segurança

Para o mundo
para a criança
para tudo
desegurança

in love with a car


in love with a car
(Vinícius Andrade)

poderia dirigir cem horas
guiar por metros, milhas
dirigir tempos incontáveis
flanar por paisagens
pisar tão fundo, tão fundo
que furaria o teto do mundo
e, assim, gozaria o prazer
de viajarmos eu e você

fragilidade


fragilidade
(Vinícius Andrade)

ossos fracos
músculos opacos
cordas e braços
gritos e urros
notas e compassos
pelos, cabelos
dores de medos
habilidosos
segredos
cantores e músicos
médicos e enfermeiros
garrafas e copos
bostas e mijos
homens

Música in Rio


Música in Rio
(Vinícius Andrade)

A música pode não ter tanta arte
e a arte pode não conter música
Mas há esperanza no nascimento
de uma gente de alma acústica

Reencontro


Reencontro
(Vinícius Andrade)

cada vez que olho
estes teus olhos morenos
e a pele diferente de ontem
e os cabelos cada vez mais
os braços, pernas longas
e as distâncias entre coxas
após um longo beijo
molhado, melado, aquele
cada vez que isso
lembro-me racionalmente
dos porquês, dos nossos quês
reencontro as razões de nós dois
e sinto as emoções

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

puerilinfelicidade - século XXI


puerilinfelicidade - século XXI
(Vinícius Andrade)

não bastasse a falta de nescau
os espirros em alto grau
o peixonauta que acabou
e a sofia, que não me retwittou,
sigo nesse quarto, nessa casa
na eterna busca que não cessa
por novos aplicativos dia a dia
que me adultizem a infância

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Poema-homenagem ao nonsense


Poema-homenagem ao nonsense
(Vinícius Andrade)

como um biscoito sem gordura trans
e uma transa sem que eles virem fãs
e uma maçã hidropônica sem verme
mais restos da minha tez hipoderme
como focos de dengue em santa cruz
flocos, sorvete light caro do zona sul
carro batido parado em plena praça
graça e desgraça da canção antigaça
outrora vambora, ou não fomos, né?
geração narcotizada, diria o vandré
um cigarro, solução, ou não, dá ruim
no baço, no fígado, nos pulmão e rim
eu que fui criança melequenta e tal
hoje sou piadista de piada tosca e má
não por conta de nenhum blablabla
mas pela minha preguiça de ser mau

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Soneto do Ônibus


Soneto do Ônibus
(Vinícius Andrade)

numa noite fria na Saens Peña
te cuido, te abraço, te cheiro
te mimo para decorar o ensejo
beijinho pra lá, beijinho pra cá

numa despedida quente na tijuca
fumamos a fumaça do alheio
e ignoramos os olhos de desejo
são eu pra lá, você para lá...

É você, à casa, no Andaraí
a um 422 de distância
eu, Flamengo, longe daí

é felicidade, embora instância
ser pobre de marré deci
e rir da espera em abundância

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

poema da humana contagem regressiva


poema da humana contagem regressiva
(Vinícius Andrade)

dez dedos
nove igual a três vezes três
oito países no gê oito
sete buracos no seu corpo
seis pessoas para conhecer qualquer pessoa
cinco, do Flamengo
quatro números do seu birth year
três para ser trigêmeos
dois olhos
uma vida
nenhuma certeza

tardedomingo


tardedomingo
(Vinícius Andrade)

cá no nosso canto
nossa cama, portanto
nos encontramos
nos esparramamos
estamos
damos
e esperamos o sol
produzimos o som
buscamos o bom
preguiçamos dormindo
vivemos domingo

o segundo antes do beijo


o segundo antes do beijo
(Vinícius Andrade)

olhos nos olhos
ambos x2 fechados
mãos grudadas
em alta tensão
eletricidade estática
que ata fios
cabelos atados
corações algemados
pré-apaixonados
por um beijo bom
que, no instante sem som
dar-se-á

beijo que cria
que criará

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

ying-yang


ying-yang
(Vinícius Andrade)

fiquei deveras puto
foi quase um luto
aquela ingratidão...
aquele sonho na mão
a vontade frustrada
o plano dado em nada
o enganoso elogio
que tornou meu ego vadio
e me confundiu
pra puta que pariu!
se der, vá pro inferno
com o peito aberto
se der, vá direto!
vade retro!
já que não perdoo
teu jeito que me dá enjoo
teu auto-foco
virei pseudofóbico
por ti, alma sebosa
alma maravilhosa

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

término de relacionamento com um livro


término de relacionamento com um livro
(Vinícius Andrade)

mulheres e livros
dão a mesma sensação ao final
mas vieram primeiro os livros
ou as mulheres, afinal?

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O fim do mundo virtual-real


O fim do mundo virtual-real
(Vinícius Andrade)

a internet podia cair...
o email voltar
as rede tudo se explodir
o tempo parar
expirar
desconectar
os cabos e fios cruzar
e um desavisado pisar
deixando tudo out
ligando, assim, o blackout
o helpdesk dormir
a TI anarquir
as web ponto sei lá o quê
realmente desaparecer

como seria isso?

terça-feira, 13 de setembro de 2011

doença


doença
(Vinícius Andrade)

espirro
sou doente
carente
admito
tenho poucas forças
vitalmente falando
mortalmente vivendo
ando como moças
doentes
dementes
decadentes
displicentes
com sua saúde
física e mental
espiritual
amiúde
nasci
vivi
adoeci
morri

garota-semana


garota-semana
(Vinícius Andrade)

você é minha segunda
minha terça, minha quarta
minha quinta e minha sexta
é meu sábado e meu domingo
é meu feriado estendido
você é minha sempre,
tanto sempre
primeira felicidade do dia

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

década perdida


década perdida
(Vinícius Andrade)

perdemos nossos gostos
nossos rostos não são nossos
nem nosso mais íntimo nós
devolveu-nos este algoz
que nos olha no profundo
olha pra dentro do nosso mundo
e desfaz o que achávamos paz
desfaz, sem mais, desfaz.

sábado, 10 de setembro de 2011

10 de setembro


10 de setembro
(Vinícius Andrade)

sou vizinho da paz e até mim
a vida era péssima, muito ruim
o mundo era pequeno pra caramba
tinha americanos e americanas
havia olhos de uma menina afegã
na capa de uma revista pagã
e o exótico era o bruto do Eco
sendo o feio, o outro lado, o beco
hoje tudo se esvai em arregalos
em olhares da national geographic
fixados nas caras de gente chique
igualados, calados, amedrontados

sono, sono, muito muito sonho


sono, sono, muito muito sonho
(Vinícius Andrade)

quero ser acordado
porque dormindo
não tem dado certo

vivo sonhando
vivo acabado
vivo como um feto

um sono danado...
sonho acordado
o sonho incompleto

sono tanto, sonho e canto
sonho, mas nunca lembro
sonho o que não quero

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Queremos Miles?


Queremos Miles?
(Vinícius Andrade)

a existência às vezes apronta
e proporciona caras assim
que meio à existência ruim
bagunçam a melodia pronta

criam, recriam, descriam
e sopram música tão tonal
sopram modernidade tal
que as banalidades incomodam

homens desconstruídos
entre o mero provinciano
e o político afro-americano
ao longo, anos muito abatidos

fôsse fácil genializar o mundo
quaisquer meros mortais
querendo ou não Miles
tocariam no mais profundo

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

poema de duda


poema de duda
(Vinícius Andrade)

'no hay más duda...'

o sorriso se foi
acabou-se um abrigo
para tanta gente
tão influente
de tanto canto
de tanta fluência
de tanta vida
que dói partida

hay duda en el norte?
alma convertida para forte
habia duda en el sul?
almas divertidas en blues

trilhas sonoras serão tocadas
ao garoto das canções sonhadas

as flores que nascem do chão


as flores que nascem do chão
(Vinícius Andrade)

no meu quintal
há flores que nasceram do chão
em cores de tom anormal
que não se acham fácil não...

esse quintal, essas flores
cresceram mais dias desses
tão mais vivas, mais verdes
será sinal de tempos mais felizes?

nascer do chão, brotar sem razão
florir a expectativa de um tempo bom
é sinal interessante para refletir
se é tempo de ficar ou de partir

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

solucionamento


solucionamento
(Vinícius Andrade)

sei que você vai sofrer
durante, doerá
somente chorará
e vai muito me maldizer
a questão é que há
muito a incomodar
você não ouve
não sabe o que houve
já sai por aí com convicção
da tua diamantina exatidão
aí não consigo pensar
dá raiva, mas dá também pesar
ver toda essa bobagem
essa tremenda meninagem
que cometes
e na qual me metes
vais me desculpar
mas peço que durma, de leve
enquanto penso modo breve
de te solucionar

domingo, 4 de setembro de 2011

livros, presentes livros


livros, presentes livros
(Vinícius Andrade)

como presentes, dou livros
pois livros são seres-vivos
são objetos tão animados
são universos empaginados

porque não dar livros,
mantendo, assim, ativos
pensamentos renovados
em meninas e em nós, meninos?

não é bom os cheiros dos livros?
é mesmo o cheiro que só os livros...
cheiros localizados
cheiros de... de livros... inatos

quisera tanto todos compra-los
te-los, sabê-los, ruins e bons
quisera saber leste meus versos
e saber amanhã teremos livros

poema da inspiração


poema da inspiração
(Vinícius Andrade)

o que me inspira?
o que respira.

e o que te inspira?

referências semanais


referências semanais
(Vinícius Andrade)

sábato segunda

terça tenessee

quarta quentin

quintana quinta

sexta sexy-sadie

eu, você e as quintas


eu, você e as quintas
(Vinícius Andrade)

1º ato
quintas intenções tive
quando passamos
pela quinta da boa vista
e as quintas mexas loiras do teu cabelinho
moveram para pertinho
dos meus quintos dedos
da mão direita
ou esqueda?

2º ato
quinto beijo
dentro do meu quinto
(ou sexto?)
carro

3º ato
quinta vez
de uma só vez
eu, você e o quinto
orgasmo
será?

4º ato
"você é o meu (quinto) amor"

5º ato
queremos
queremos muito
queremos à beça
queremos, logo, porque não termos
quintuplos?

oswaldeandradeando-me


oswaldeandradeando-me
(Vinícius Andrade)

não escrevemos o que é
rabiscamos inseguros
o que tentamos
e não conseguimos

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

ode do ódio ao trabalho


ode do ódio ao trabalho
(Vinícius Andrade)

Trabalhar é nada
se você não se diverte
se você não o digere
com um pouquinho de palhaçada

Trabalhar é maçada
é maçante, é torpe
impede-te, leva-te pra longe
da arte, da vida buscada

Trabalhar é merda
tira-nos a psiquê
caça-nos o porquê
bocadinho de muita perda

bonde de santa teresa


bonde de santa teresa*
(Vinícius Andrade)

um pai
uma mãe
uma filha
um filho

um pai
uma mãe

um filho




*homenagem à jovem Maria Eduarda

acorde-junto


acorde-junto
(Vinícius Andrade)

canção
música feita por alguém

um sono
um sonho
dois bobos
dois pratos

um farto abraço
bastantes beijos
e algo mais
e mais

a cama

ritmo:
ronco-canção
harmonia:
um acorde-junto

algo como o que escreveu Clarice


algo como o que escreveu Clarice
(Vinícius Andrade)

enquanto eu sentir
e vida houver
farei poemas

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

canção de ninar amor


canção de ninar amor
(Vinícius Andrade)

deite
deite aqui
deite aqui assim, agora
deite aqui sim, agora, meu bem
que te quero tão leve, tão bela, tão bem

deite aqui
para todo sempre deite-se deitemos sempre
que espero o seu sono vir ninar a gente
ó...
ó meu amor

sextas-feiras


sextas-feiras
(Vinícius Andrade)

sexta-feira eu vou
cantarolar até
a outra sexta, vou
dançar, beber
cair e dizer
o que me engasga
aquilo que me basta
e que me libertará, talvez
pois sexta, próxima
é a minha vez
de ser feliz.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

arroz, feijão e sonhos


arroz, feijão e sonhos
(Vinícius Andrade)

o ato de dormir e de sonhar
é um arroz com feijão
é prato feito para uma mente
tão banal, incompleta e vulgar
que sequer tem a capacidade
de desalegorizar o sonho
de acordar, levantar e sair
e tentar fazê-lo surgir

terça-feira, 23 de agosto de 2011

ombro e rosto namorados em um banco de metrô


ombro e rosto namorados em um banco de metrô
(Vinícius Andrade)

você deita sua cabeça
no meu ombro
para se proteger
do barulho chato,
muito chato
que o metrô faz
quando parte
rumo à próxima estação
e pensa
que não terá meu ombro
quando for eu
e não o metrô
quem estiver partindo
para outra dimensão

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Poema para Trípoli


Poema para Trípoli
(Vinícius Andrade)

cada fi lho
a desertar
cad a rei a
a bando nar
triste eu, tu e ele
de secar a pele
minhárabe tez
é lágrima que nem cai
e já se desfez
Trípoli
bonita
livrada
curtida
banida
renascida
florida

domingo, 21 de agosto de 2011

Rio, 14°


Rio, 14°
(Vinícius Andrade)

Rio catorze graus
cachecóis,
brrrrrrrs
não sinto as mãos
não sinto os pés
casacos são três
mais um sobre tudo
que cobre-me mudo
na cidade gelada
mal-acostumada
à temperatura de lá
daquele lugar
onde sol é diamante
e frio é constante

sábado, 20 de agosto de 2011

Joss Stone


Joss Stone
(Vinícius Andrade)

minha mulher que me desculpe
minha mãe que não me ouça
falar da volúpia inconteste
que reverencio com tanta força

da voz modelada em superior planeta
solucionadora da guerra, da fome
musa mesmo, diva completa
que chamo assim, Joss Stone

loira maldita, bendito olhar
inatingível bem de consumo
com jeito de não pisar, mas levitar
num palco, num mundo, num sonho

joss bandida, me fez descrer
que a humanidade sem mulheres
é algo que não vale a pena viver
melhor o inferno ao som de stones

achocolatado


achocolatado
(Vinícius Andrade)

pra você ficar
comprei toddynho
me arrumei todinho
fiz tudo tão docinho
deixei tudo ajeitadinho
pra você ficar

mas você não gosta de chocolate.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

sinceridades que só o álcool


sinceridades que só o álcool
(Vinícius Andrade)

vin
vinho
vinhou
vinhouvir

poema masculino


poema masculino
(Vinícius Andrade)

ser homem
mudou meus caminhos
fez-me cultuá-las
moldar-me às pressas
desfez feminismos
pelo fato de eu ser homem

ser homem
enculturou-me bobo
cortou-me os modos
desnudou qualquer zelo
eliminou protocolos
uma vez que homem

ser homem
apresentou-me a nichos
humanamente desprezíveis
dignos dos humanos bichos
considerarem-nos horríveis
assim é visto homem

ser homem
sacrificou-me a liberdade
do viver sem compromisso
criou burra busca por verdade
tangenciada num riso
natural mente homem

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Poema do Rio de Janeiro


Poema do Rio de Janeiro
(Vinícius Andrade)

cariocas têm cara
têm identidade própria
genética, fenotípica
são raça rara

cariocas têm aquilo
aquele bem e mal
exalam carnaval
são puro brilho

cariocas, ai jesus!
dizem devagarinho
pra onde é caminho
são de sussuros

cariocas bandas
músicas estilosas
moças melodiosas
são todas e tantas

cariocas têm Rio
e um pouco de lá
cores na lapa só há
são 'tudo' gringo

cariocas, quem dera
gosto com gosto
desgosto de agosto
somos coisa dela

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

poema da flor


poema da flor
(Vinícius Andrade)

vai, flor
vai voar errada
vai bailar no ar
faça o caminho mais longo
descubra pelo modo 'hard'
quebre-se, pois irá
doa, cure, doa, cure
passe por isto
e pergunte-me
e te direi apoio
use tua curiosidade
para voar muito longe
para perder-se no mar
para curiosamente errar
vá sendo para tentar ser
seja acariciada
e bata com tuas pétalas
quando for este o jeito...
exale teu perfume
mostre todas tuas cores
aparente só matizes
e seja mais
seja tu como fores
como as flores...

domingo, 14 de agosto de 2011

poema do dia dos pais


poema do dia dos pais
(Vinícius Andrade)

gostaria de ser pai
ainda não há tempo
não há como ser pai
pois ser pai, pai mesmo
demanda ser dois, três
uns homens a mais
uns seres superiores
que me falta ser
que falta a muitos
sejamos todos pais
sejamos todos mais

don't worry, be nice


don't worry, be nice
(Vinícius Andrade)

Nâo importa como seja
seja nice, seja bacana
seja legal, don't worry
não ligue, reconheça
que até mesmo o ruim
o mau, o vil, o antônimo
pode servir para o bem
para aprimorar, enfim
dont' worry if it hurts
há de passar toda dor
há de aprimorar, enfim
vamos fazer piada após
e mesmo que demorem
demorem muito, tardem
não há de atrapalhar
o meu caminho do bem

sábado, 13 de agosto de 2011

Poemete do tamborim


Poemete do tamborim
(Vinícius Andrade)

extensão do meu braço
na minha mão, um laço
é meu tamborim
que é parte de mim
é da bateria, o truque
escandaloso batuque
é som do tamborim
me conquistando, enfim
podia ter escolhido tantan, caixa
podia estar lá no repique
mas amor não se escolhe
se acha quando se encaixa
é som que bate, que acorda
que lidera e que dita
leva pra frente, leva adiante
mostra, guia, diz, alopra

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

argentices


argentices
(Vinícius Andrade)

tenho um olho bonito
um que faz tudo girar
tudo fácil de entender
tudo estiloso e lindo
nem sempre contido
nas estéticas metalinguísticas
que adora o que é estranho
à minha sorte de inimigos
dou banho de ouro
no que eu tanto amo
com um toque de classe
dou ar duradouro
e não me ligo na morte
mas na arte de morrer
no seu ato sublime
à sublimação dou porte

argumento, roteiro e direção


argumento, roteiro e direção
(Vinícius Andrade)

tenho dois planos para minha vida:
travelling all around your body
e fugir do plano americano

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Poema para alguém querido que se vai


Poema para alguém querido que se vai
(Vinícius Andrade)

quem vai-me cortar os cabelos?
Quem cuidará dos meus pêlos
dos meus medos e apelos
quem afastará pesadelos
e dirá um bom dia
em um futuro ruim dia?
Quem diria
que aconteceria?
quem poderia prever...
quem irá me proteger?
qual canção?
qual frase, citação
gostarias sim, gostarias não
quando estiveres no chão?
soará algum tipo de sino?
virá coroinha, anjo, menino?
será beatificado o destino
com cenário e traje marroquino?
é pra chorar
ou é pra sorrir?
é pra parar
ou pra seguir?
como vai ser?
vai-se...
ser?
se?

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

segunda-feira, porra...


segunda-feira, porra...
(Vinícius Andrade)

...não é dia de se discutir humor
sequer é dia de produzir amor
ou de (des)questionar
ou de tentar fazer melhorar

aceito as indagações honestas
mas não as pueris atitudes manifestas
de gente que, porra...
passa a semana esperando que a segunda morra

Melancholia


Melancholia
(Vinícius Andrade)

o que há de errado com um pouquinho de destruição
e o que há de correto com toda aquela celebração?

Monólogos


Monólogos
(Vinícius Andrade)

Uma pessoa
vem involuir todas as coisas
Eu, logo eu, que sou esperto
sofro por nunca revelar o que sinto
E você não deve saber
não deve sequer se preocupar
eu monologo...
Taco fogo em qualquer chance de sofrer
mas com amigos, bar e álcool
até me abro, faço-me compadecer
culpa sua, culpa minha,
culpa a vida.
que acreditamos ser demodé
coisas antigas, palavras, romantismos
buquês.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

poema percussivo para um samba enredo


poema percussivo para um samba enredo
(Vinícius Andrade)

Tum... Tum... TumTum... TumTum... Tum... Tum...

pralaepracá pralaepracá pralaepracá pralaepracá!

umdoistrêsquá... umdoistrê... umdoistrêsquá...

chiquechiquechiquechique...


apiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiito!
tecotelecotecotecotelecotecotecoté!


Tum... Tum... TumTum... Tum TumTum...

pracaepralá pracaepralá pracaepralá pracaepralá!

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Poema do homem humano


Poema do homem humano*
(Vinícius Andrade)

poetas descriminalizam o resto da humanidade
com suas palavras e sentidos da vida em rima
com sua vida de suavidades às coisas da vida
com aquele quê de gente humana de verdade




*homenagem ridícula a Guimarães Rosa

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

poesias cem poesia


poesias cem poesia
(Vinícius Andrade)

um dia tive iniciativa
de blogar dia pós dia
cada boba minha poesia
que me viesse à ideia
registrar mensagens
reverenciar bobagens
pôr na rede minhas viagens
eternizar minhas malucagens
tão sãs para ninguém
tocantes para alguém
que sequer imaginei falarem bem
quiçá ter saco e inspiração
paciência, disposição
para chegar à poesia número cem

metalinguagem
coisa que amo
coisa que faço
experimente também

cheguem a cem
e ignorem o cem

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Poema do casal que bebe álcool


Poema do casal que bebe álcool
(Vinícius Andrade)

Sempre há de haver um bar
um local onde eu estarei
aguardando sem ansiedade
pelas tuas lamúrias
pelas novas velhas reclamações
da vida que não foi como queria
do dia sem tempo para nada
de um roteiro que não foi
reclamando por reclamar
sempre nós dois
sempre no bar

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

poema para o nosso tempo voador


poema para o nosso tempo voador
(Vinícius Andrade)

você, há um mês aqui comigo,
e tudo parece muito mais corrido
parece que faz tanto tempo mais
que, contigo, realmente tanto faz...
e bem estamos a qualquer hora
sem vontade de ir pra fora
penso, fortemente, em amor
em bobagens sãs e racionais de amor
algo que não faz o menor sentido
e que não têm a ver comigo

brancos e morenos


brancos e morenos
(Vinícius Andrade)

há algo mais bonito
que uma blusa branca
das de algodão ou das de linho
sob o bronze de pele morena?

há não.

não há.

sábado, 30 de julho de 2011

Discurso Demagogo


Discurso Demagogo
(Vinícius Andrade)

"blablabla
blabla
blablablabla..."

é o que parecem falar
para mim
nada compreendo
não estou curtindo
enfim...
um saco ouvi-los discursar

nobres demagogos
fartos de discursos

chega, para, ça suffit!
mudo de canal?
vou para qual direção, afinal...
cansei, parei, morri.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

La Vida as a Jazz


La Vida as a Jazz
(Vinícius Andrade)

como num jazz
você improvisou caminhos
tortuosa
deixou-nos bem e surpresos
ninguém esperava que no fim
tudo seria pleno, com sentido
que a tua escolha ruim
nos estatelaria por completo

é mérito todo seu dispor
de tantos instrumentos
os quais uns chamam encantos
para conseguir contrapor
minha vontade
contra minha própria vontade

é coltrane sua vivacidade
é monk sua sombriedade
é de davis tua criatividade
é de deus essa novidade

Ignore merdas de conceitos
faça concertos, como tem feito
de cada detalhe ínfimo
imperceptível aos alheios

passeie por mim
faça jazz de nós
sejam, vós, uma só voz
musique-lhes, pois

Palmas


Palmas
(Vinícius Andrade)

palmas, menina
pelo sorriso bonito
pelo jeito pseudo-vadio
pelo jeito tão inho...

palmas, menina
das fotos panorâmicas
do rosto sem-covas
dê palmas

palmas, menina
aplausos
dois ou três beijos
você merece todos

quinta-feira, 28 de julho de 2011

o maior dos futebóis


o maior dos futebóis
(Vinícius Andrade)

o maior dos futebois
eu vi

eu torci
me emputeci
eu tanto quis
que cri

eu vivi
não vi
ou ouvi
feliz me senti
orgulhoso, aussi

aí, sim...
flamengo, enfim

Poema do Café


Poema do Café
(Vinícius Andrade)

bebo um
bebo dois
bebo mais
e ainda não bastam
ainda é pouco pra mim
sou sedento
sonolento
fedorento
catarrento
um ser nojento
cara horrendo
se acordo, assim, como hoje
com minhas xícaras longe
me emputeço rápido
viro bicho
ajo como salafrário
vagabundo
disléxico
ser fora do seu nicho
anoréxico
vadio
nauseabundo
fico puto
e perco até minha fé
sem meu religioso
de todo santo dia
copo matinal de café

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Vocês não sabem...


Vocês não sabem...
(Vinícius Andrade)

...que é só uma menina?
uma garota londrina
com transtornos, problemas
pais e uns tais dilemas
dos quais nascem teoremas
sobre de onde vêm notas tão serenas?

Vocês realmente não sabem
o que fizeram comigo
a cada foto, a cada grito
um ritual da ignorância plena
da realidadezinha burra e pequena
que não lhes permitiu ver
sentir, compreender, saber
nada,
absolutamente nada
do que ela tinha para dizer.


homenagem a Amy Winehouse

...no espelho


...no espelho
(Vinícius Andrade)

eu, você
espelhos
respiração
transpiração
tesão
eu, você
espelhos
emoção
vapor
amor

sábado com sol


sábado com sol
(Vinícius Andrade)

você saberá que é um homem
ou uma mulher
ou gênero qualquer
feliz
mas feliz feliz!
quando quaisquer te dizem
sem conhecê-lo a fundo
sem mergulhar de coração profundo
que aquele acorde difição
a poesia postada, pois então
e aquele texto, com ou sem bordão
equivalem a sábados com sol e canção

road to Búzios


road to Búzios
(Vinícius Andrade)

muito asfalto
para pouco tempo
e muito carro
em pouco tempo
me levaram a crer
que sobreviver
a uma viagem to búzios
via lagos,
é um dos maiores abúzios
que homens safos
podem se des-submeter
em se tratando de prazer
ora
fique em casa
perca folga
dorme
some
chora
mas se prive da tensão
que é um engarrafamento
aquela prisão...

quinta-feira, 21 de julho de 2011

sobre o que já foi feito

sobre o que já foi feito
(Vinícius Andrade)

vocês,
que como eu, ela e outros três
vivem em busca de sentido
do que ainda não foi dito
de um conhecimento perdido
ou do significado ambíguo
e por isso fazem poesia
buscam melodia
se debruçam em harmonias
colecionam referências
estudam taaanto
buscam tuuudo
e sentem que não gostam
fazem, e não se bastam
não
vocês não estão sozinhos não
são mais novos membros da equipe
que luta pra criar o que não existe
ainda não existe
ainda não é ilustre
ainda não foi produzido por vocês
pois vocês,
sacanas,
ainda não sabem o quanto são bacanas

tentem!
conseguem.

Poema da desacomodação mental


Poema da desacomodação mental
(Vinícius Andrade)

corro
quero
quando
espero
imploro
zero
digo
lero-lero
me gabo
amarelo
faço
não espero
zonzo
certo
tonto
aperto
solto
perto
morro...
tédio.

dupla-cidade


dupla-cidade
(Vinícius Andrade)

eu sou daqui
e dali
e de lá
e daquele outro lugar
onde posso e quero ser
ter
viver
ver crescer

eu sou daqui
eu não sou daqui
eu sou aqui
eu não sou aqui

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Liberdade - parte 2


Liberdade - parte 2
(Vinícius Andrade)

é, Fernando...
ou seria Alberto?
receio concordar em pleno
que estavas correto
ao dizer num jeito tão belo
que é um prazer
não cumprir um dever
ter um livro pra ler
e não o fazer
é tão massante concordar
e sentir estes versos ecoar
fortes em direção ao fundo
de mim
ser culpado, bobo, vagabundo

sábado, 16 de julho de 2011

Carioca way of Life


Carioca way of Life
(Vinícius Andrade)

ser do Rio é ser do quente
mas nem por isso
essa morena branca gente
precisamente irreverente
deixa de vivenciar tudo
dos costumes d'além-mar
às discussões-de-bar
das quais, sabe, me orgulho
acho tudo interessante
até o que me é horripilante
das histórias de medo e pavor
às versões de 'samba e amor'
ser daqui é persistir
em ter direito a rir

disque m, psycho bird!!!


disque m, psycho bird!!!
(Vinícius Andrade)

alguém sabe o que se passa
na cabeça da humana raça
quando maquina a morte
e como ave de pequeno porte
se lança direto no pescoço
da mulher, da mãe, no corpo
e em fúria se transfigura
esta pseudo-evoluída criatura?

Perdoa-me sempre


Perdoa-me sempre
(Vinícius Andrade)

um poeta
um ignorante
e um pedante

personalidade aberta

três consoantes
três personalidades
um negro montante

de pessoa não-concreta

isto serei eu
isto quer ser eu
estes somos eu

pedaço de vida incorreta

mentiretas
inverdetas
vendettas

perdoa-me, sempre, prometa

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Dedicatória


Dedicatória
(Vinícius Andrade)

Quando eu fizer algo que preste
algo com vocação para a eternidade
obra como a que fez Jarrett
um album caseiro, para Rose Anne
vou dedicá-lo assim:

"A Amanda Amorim
que ouve, lê, inspira
constrói e admira
te beijo,
seu nêgo"

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Felicidade (com)prometida

Felicidade (com)prometida
(Vinícius Andrade)

quem prometeu
apenas corrompeu
a realidade
a sobriedade
os resquícios de verdade
de animalescosidade
mentiu sobre as ruas
vestiu lágrimas nuas
cancelou teu pleno direito
de cultivar asas no peito
tolhiu-te a saída da caverna
impôs visão encoberta
e um pensamentinho
burguesinho
tacanho
ababacado em enorme tamanho
provinciano
diz-se não fazer parte do plano
mas é o que prevalecerá
conquanto não se fuja já

terça-feira, 12 de julho de 2011

Se um de nós dois...


Se um de nós dois...*
(Vinícius Andrade)

Se um de nós dois
morrer
for pra Paris
desexistir
cansar de dizer
entrar numa vibe xis
compuser outras linhas
for pruma vida distinta
mesquinha
rumar longe
prumar
se enturmar
for pronde mora o conde
optar por cremação
e o outro achar muita forçação
caso a inspiração...
a inspiração...
inspiração...
surgir
e fugir
espero que tenhamos sido felizes





*dedicado ao livro "Se um de nós dois morrer", de Paulo Roberto Pires

segunda-feira, 11 de julho de 2011

bostas, palavras e mentiras


bostas, palavras e mentiras
(Vinícius Andrade)

pra você,
bom enganador,
pra tu,
muita palavra
é bosta

domingadois


domingadois
(Vinicius Andrade)

olhei para o lado
vi o que queria ver
visão rara, dia belo
preguiça total de ser
existir, ir, comer, beber
viver então, pra que?
só faz sentido se, domingo
acordo eu, lado teu, junto a você

Gnocchi da fortuna


Gnocchi da fortuna
(Vinícius Andrade)

pegue batata
água quente
farinhas de trigos
pegue também um punhado de amigos
junte sua gente
junte a patota
traga a receita original
da terra natal
onde se inventou a beleza
não faça desfeita!
compre vinho do bom
seco, tinto, coloque som
enrole a massa
corte sem pressa
ferva a água e o amor
tire fotos a todo vapor
cozinhe um gnocchi da fortuna
produza amores,
coisa verdadeiramente oportuna

domingo, 10 de julho de 2011

Minuí a Parrí


Minuí a Parrí
(Vinícius Andrade)

queria ser amigo deles
todos eles, gente interessante
Ernst
os Porter
os Fitzgerald
Pablito
die Gertrude!
Viver aquela golden age
transportar-me até lá
aos anos bons
aos dias em que se escrevia
pintava, compunha, dizia
coisas mais bonitas e vivas
do que as que se dizem hoje
será?

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Sorteza


Sorteza
(Vinícius Andrade)

acerte
aperte
alerte
hasta la muerte

tenha destreza para tal
seja sempre um mestre
busque uma vida na qual
sucesso seja inconteste

chegue junto, chegue
diga mais que sobre beleza
felicidade nunca me negue
vida, junte-me sorte e certeza

Marina Silva


Marina Silva
(Vinícius Andrade)

Marina Silva
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