quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Poema do amor, do melhor amor


Poema do amor, do melhor amor
(Vinícius Andrade)

sabia que te amo?
você sabe que te amo
sabe das loucuras que quero
contabilizar ano após ano

sabe que é razão, motivo
motivação pela qual vivo?

sabe, você, que te deixaria
caso pensasse que não dá
que juntos não vamos brilhar
fôsse para ser feliz, te daria
liberdade, amizade
igualdade, fraternidade?

já chegou a saber de mim?
sentir algo assim
é ruim?
ama assim?

Quiproquós


Quiproquós
(Vinícius Andrade)

quando não entendes
quando não me entendes
quando não te entendes
morre um ser vivente
morre bocadinho da gente

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Poema Panóptico


Poema Panóptico
(Amanda Amorim e Vinícius Andrade)

Câmera de segurança
Camera, dê segurança
Câmera D - Segurança

Para o mundo
para a criança
para tudo
desegurança

in love with a car


in love with a car
(Vinícius Andrade)

poderia dirigir cem horas
guiar por metros, milhas
dirigir tempos incontáveis
flanar por paisagens
pisar tão fundo, tão fundo
que furaria o teto do mundo
e, assim, gozaria o prazer
de viajarmos eu e você

fragilidade


fragilidade
(Vinícius Andrade)

ossos fracos
músculos opacos
cordas e braços
gritos e urros
notas e compassos
pelos, cabelos
dores de medos
habilidosos
segredos
cantores e músicos
médicos e enfermeiros
garrafas e copos
bostas e mijos
homens

Música in Rio


Música in Rio
(Vinícius Andrade)

A música pode não ter tanta arte
e a arte pode não conter música
Mas há esperanza no nascimento
de uma gente de alma acústica

Reencontro


Reencontro
(Vinícius Andrade)

cada vez que olho
estes teus olhos morenos
e a pele diferente de ontem
e os cabelos cada vez mais
os braços, pernas longas
e as distâncias entre coxas
após um longo beijo
molhado, melado, aquele
cada vez que isso
lembro-me racionalmente
dos porquês, dos nossos quês
reencontro as razões de nós dois
e sinto as emoções

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

puerilinfelicidade - século XXI


puerilinfelicidade - século XXI
(Vinícius Andrade)

não bastasse a falta de nescau
os espirros em alto grau
o peixonauta que acabou
e a sofia, que não me retwittou,
sigo nesse quarto, nessa casa
na eterna busca que não cessa
por novos aplicativos dia a dia
que me adultizem a infância

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Poema-homenagem ao nonsense


Poema-homenagem ao nonsense
(Vinícius Andrade)

como um biscoito sem gordura trans
e uma transa sem que eles virem fãs
e uma maçã hidropônica sem verme
mais restos da minha tez hipoderme
como focos de dengue em santa cruz
flocos, sorvete light caro do zona sul
carro batido parado em plena praça
graça e desgraça da canção antigaça
outrora vambora, ou não fomos, né?
geração narcotizada, diria o vandré
um cigarro, solução, ou não, dá ruim
no baço, no fígado, nos pulmão e rim
eu que fui criança melequenta e tal
hoje sou piadista de piada tosca e má
não por conta de nenhum blablabla
mas pela minha preguiça de ser mau

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Soneto do Ônibus


Soneto do Ônibus
(Vinícius Andrade)

numa noite fria na Saens Peña
te cuido, te abraço, te cheiro
te mimo para decorar o ensejo
beijinho pra lá, beijinho pra cá

numa despedida quente na tijuca
fumamos a fumaça do alheio
e ignoramos os olhos de desejo
são eu pra lá, você para lá...

É você, à casa, no Andaraí
a um 422 de distância
eu, Flamengo, longe daí

é felicidade, embora instância
ser pobre de marré deci
e rir da espera em abundância

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

poema da humana contagem regressiva


poema da humana contagem regressiva
(Vinícius Andrade)

dez dedos
nove igual a três vezes três
oito países no gê oito
sete buracos no seu corpo
seis pessoas para conhecer qualquer pessoa
cinco, do Flamengo
quatro números do seu birth year
três para ser trigêmeos
dois olhos
uma vida
nenhuma certeza

tardedomingo


tardedomingo
(Vinícius Andrade)

cá no nosso canto
nossa cama, portanto
nos encontramos
nos esparramamos
estamos
damos
e esperamos o sol
produzimos o som
buscamos o bom
preguiçamos dormindo
vivemos domingo

o segundo antes do beijo


o segundo antes do beijo
(Vinícius Andrade)

olhos nos olhos
ambos x2 fechados
mãos grudadas
em alta tensão
eletricidade estática
que ata fios
cabelos atados
corações algemados
pré-apaixonados
por um beijo bom
que, no instante sem som
dar-se-á

beijo que cria
que criará

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

ying-yang


ying-yang
(Vinícius Andrade)

fiquei deveras puto
foi quase um luto
aquela ingratidão...
aquele sonho na mão
a vontade frustrada
o plano dado em nada
o enganoso elogio
que tornou meu ego vadio
e me confundiu
pra puta que pariu!
se der, vá pro inferno
com o peito aberto
se der, vá direto!
vade retro!
já que não perdoo
teu jeito que me dá enjoo
teu auto-foco
virei pseudofóbico
por ti, alma sebosa
alma maravilhosa

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

término de relacionamento com um livro


término de relacionamento com um livro
(Vinícius Andrade)

mulheres e livros
dão a mesma sensação ao final
mas vieram primeiro os livros
ou as mulheres, afinal?

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O fim do mundo virtual-real


O fim do mundo virtual-real
(Vinícius Andrade)

a internet podia cair...
o email voltar
as rede tudo se explodir
o tempo parar
expirar
desconectar
os cabos e fios cruzar
e um desavisado pisar
deixando tudo out
ligando, assim, o blackout
o helpdesk dormir
a TI anarquir
as web ponto sei lá o quê
realmente desaparecer

como seria isso?

terça-feira, 13 de setembro de 2011

doença


doença
(Vinícius Andrade)

espirro
sou doente
carente
admito
tenho poucas forças
vitalmente falando
mortalmente vivendo
ando como moças
doentes
dementes
decadentes
displicentes
com sua saúde
física e mental
espiritual
amiúde
nasci
vivi
adoeci
morri

garota-semana


garota-semana
(Vinícius Andrade)

você é minha segunda
minha terça, minha quarta
minha quinta e minha sexta
é meu sábado e meu domingo
é meu feriado estendido
você é minha sempre,
tanto sempre
primeira felicidade do dia

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

década perdida


década perdida
(Vinícius Andrade)

perdemos nossos gostos
nossos rostos não são nossos
nem nosso mais íntimo nós
devolveu-nos este algoz
que nos olha no profundo
olha pra dentro do nosso mundo
e desfaz o que achávamos paz
desfaz, sem mais, desfaz.

sábado, 10 de setembro de 2011

10 de setembro


10 de setembro
(Vinícius Andrade)

sou vizinho da paz e até mim
a vida era péssima, muito ruim
o mundo era pequeno pra caramba
tinha americanos e americanas
havia olhos de uma menina afegã
na capa de uma revista pagã
e o exótico era o bruto do Eco
sendo o feio, o outro lado, o beco
hoje tudo se esvai em arregalos
em olhares da national geographic
fixados nas caras de gente chique
igualados, calados, amedrontados

sono, sono, muito muito sonho


sono, sono, muito muito sonho
(Vinícius Andrade)

quero ser acordado
porque dormindo
não tem dado certo

vivo sonhando
vivo acabado
vivo como um feto

um sono danado...
sonho acordado
o sonho incompleto

sono tanto, sonho e canto
sonho, mas nunca lembro
sonho o que não quero

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Queremos Miles?


Queremos Miles?
(Vinícius Andrade)

a existência às vezes apronta
e proporciona caras assim
que meio à existência ruim
bagunçam a melodia pronta

criam, recriam, descriam
e sopram música tão tonal
sopram modernidade tal
que as banalidades incomodam

homens desconstruídos
entre o mero provinciano
e o político afro-americano
ao longo, anos muito abatidos

fôsse fácil genializar o mundo
quaisquer meros mortais
querendo ou não Miles
tocariam no mais profundo

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

poema de duda


poema de duda
(Vinícius Andrade)

'no hay más duda...'

o sorriso se foi
acabou-se um abrigo
para tanta gente
tão influente
de tanto canto
de tanta fluência
de tanta vida
que dói partida

hay duda en el norte?
alma convertida para forte
habia duda en el sul?
almas divertidas en blues

trilhas sonoras serão tocadas
ao garoto das canções sonhadas

as flores que nascem do chão


as flores que nascem do chão
(Vinícius Andrade)

no meu quintal
há flores que nasceram do chão
em cores de tom anormal
que não se acham fácil não...

esse quintal, essas flores
cresceram mais dias desses
tão mais vivas, mais verdes
será sinal de tempos mais felizes?

nascer do chão, brotar sem razão
florir a expectativa de um tempo bom
é sinal interessante para refletir
se é tempo de ficar ou de partir

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

solucionamento


solucionamento
(Vinícius Andrade)

sei que você vai sofrer
durante, doerá
somente chorará
e vai muito me maldizer
a questão é que há
muito a incomodar
você não ouve
não sabe o que houve
já sai por aí com convicção
da tua diamantina exatidão
aí não consigo pensar
dá raiva, mas dá também pesar
ver toda essa bobagem
essa tremenda meninagem
que cometes
e na qual me metes
vais me desculpar
mas peço que durma, de leve
enquanto penso modo breve
de te solucionar

domingo, 4 de setembro de 2011

livros, presentes livros


livros, presentes livros
(Vinícius Andrade)

como presentes, dou livros
pois livros são seres-vivos
são objetos tão animados
são universos empaginados

porque não dar livros,
mantendo, assim, ativos
pensamentos renovados
em meninas e em nós, meninos?

não é bom os cheiros dos livros?
é mesmo o cheiro que só os livros...
cheiros localizados
cheiros de... de livros... inatos

quisera tanto todos compra-los
te-los, sabê-los, ruins e bons
quisera saber leste meus versos
e saber amanhã teremos livros

poema da inspiração


poema da inspiração
(Vinícius Andrade)

o que me inspira?
o que respira.

e o que te inspira?

referências semanais


referências semanais
(Vinícius Andrade)

sábato segunda

terça tenessee

quarta quentin

quintana quinta

sexta sexy-sadie

eu, você e as quintas


eu, você e as quintas
(Vinícius Andrade)

1º ato
quintas intenções tive
quando passamos
pela quinta da boa vista
e as quintas mexas loiras do teu cabelinho
moveram para pertinho
dos meus quintos dedos
da mão direita
ou esqueda?

2º ato
quinto beijo
dentro do meu quinto
(ou sexto?)
carro

3º ato
quinta vez
de uma só vez
eu, você e o quinto
orgasmo
será?

4º ato
"você é o meu (quinto) amor"

5º ato
queremos
queremos muito
queremos à beça
queremos, logo, porque não termos
quintuplos?

oswaldeandradeando-me


oswaldeandradeando-me
(Vinícius Andrade)

não escrevemos o que é
rabiscamos inseguros
o que tentamos
e não conseguimos

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

ode do ódio ao trabalho


ode do ódio ao trabalho
(Vinícius Andrade)

Trabalhar é nada
se você não se diverte
se você não o digere
com um pouquinho de palhaçada

Trabalhar é maçada
é maçante, é torpe
impede-te, leva-te pra longe
da arte, da vida buscada

Trabalhar é merda
tira-nos a psiquê
caça-nos o porquê
bocadinho de muita perda

bonde de santa teresa


bonde de santa teresa*
(Vinícius Andrade)

um pai
uma mãe
uma filha
um filho

um pai
uma mãe

um filho




*homenagem à jovem Maria Eduarda

acorde-junto


acorde-junto
(Vinícius Andrade)

canção
música feita por alguém

um sono
um sonho
dois bobos
dois pratos

um farto abraço
bastantes beijos
e algo mais
e mais

a cama

ritmo:
ronco-canção
harmonia:
um acorde-junto

algo como o que escreveu Clarice


algo como o que escreveu Clarice
(Vinícius Andrade)

enquanto eu sentir
e vida houver
farei poemas