terça-feira, 31 de maio de 2011

Um Novo Poeta


Um Novo Poeta
(Vinícius Andrade)

a cada segundo, vejo piscadelas
dos olhos virgens das donzelas

a cada minuto, faz-se um menino
e para alguns, um próprio destino

a cada dia surge um novo bebê
e um novo ser humano clichê

a cada ano, vejo um novo profeta
a cada milênio, um novo poeta

Boletim Médico


Boletim Médico
(Vinícius Andrade)

meu coração informa
em forma de dor
que sente-se menor
ante tal desprezo teu

meu pulmão informa
em forma de asma
que falta-me o ar
ante o desapego teu

meu rim direito informa
nefrologicamente ruim
que meu rim esquerdo
era uma vez, morreu

meu fígado informa
em forma de soluço
que cachaça não é não
para minha dor, solução

domingo, 29 de maio de 2011

A lógica bacana de uma banana


A lógica bacana de uma banana
(Vinícius Andrade)

há lógica bacana em uma banana
não pense que é basicamente fruta
uma marca da Carmem Miranda
ou sabor de bala do pequeno juca

há lógica bacana, sim, na banana
no seu jeito sexy quando fica nua
quando se insinua profana
para os loucos fãs bichos-de-fruta

há lógica na bela e gostosa banana
verde/amarela como tropical deusa
malemolente da cintura africana
doce leve, da minha língua musa

sábado, 28 de maio de 2011

Diferentes


Diferentes
(Vinícius Andrade)

as flores que postei virtualmente
eu não te dei
no seu conceito de carinho
cada um de nós segue sozinho

os rumos que eu tomei insanamente
eu não falei
nos seus planos, raciocínios
e eu vivenciando romantismos

poemas que escrevi escravamente
eu nem vivi
era a vontade de tentar ser
alguém parecido com você

'te amo's te falei rapidamente
eu nem pensei
quaisquer minutos pra dizer
algo legal pra te dizer

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Oh, Felix Roma


Oh, Felix Roma
(Vinícius Andrade)

é, Roma... somos nobres!
regeste a vida de pobres
cantaste para poucos bons
mudaste futuros pagãos
saudades fortes senti
do bom tempo ali
dos bosques frios
das fábulas dos rios
e até mesmo das brigas
das modernas coisas antigas
que enganei-me aceitando
e orgulhei-me cantando
claves, ensaios, batutas
amigos, pessoas malucas
partituras, tentativas
cantorias sã-furtivas
longos papos professoris
teorias sobre todos os quadris
nota baixa para a perna fina
nota alta para aquela menina
puquianamente leviano
sou desde aquele ano
em que entrei infanto-ignorante
e saí adulto-retardante
cadê aqueles ventos entre pilotis?
ainda se chupam drops de anis?
ainda é moda tatuar um brazão?
ou a saudade desse tempo é um vão?

(poema em homenagem aos meus tempos de PUC-Rio)

fortalecimento da almA


fortalecimento da almA
(Vinícius Andrade)

Ando tão carente que quero sumir!
Ando tão carente que quero.
Ando tão carente que...
Ando tão carente?
Ando tão!
Ando!!!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

terça-feira, 24 de maio de 2011

Saúde do Boêmio


Saúde do Boêmio
(Vinícius Andrade)

minha saúde dança
às vezes tango,
às vezes samba
só sei que curte um dois pra lá
e um dois pra cá
até altas horas da madrugada

minha saúde é bamba
espirros são mambo
sou quente como salsa
e ela não está nem aí pra mim
me deixa ruim
das minhas boemias e noitadas

segunda-feira, 23 de maio de 2011

não me acorde


não me acorde
(Vinícius Andrade)

faz-se manhã
manha faz-se

Procura-se


Procura-se
(Vinícius Andrade)

um apartamento com vista para o mar
cuja vista para o mar dê para o mar
e o mar seja calmo, bonito e interessante
e ao mesmo tempo não seja entediante
procura-se uma mulher rica e bela
cuja riqueza e beleza sejam coisa dela
e não adquiridas por ela por meio de planos
e que sejam eternos durante nossos anos
procura-se um homem com arte no sangue
que revolucione todo o pensamento vigente
mas não sejam relativos os seus conteúdos
toda obra entendida por todo adulto
procura-se a música
com aquele quê de coisa única
de tons e tais bem-sucedidos
desde que foram concebidos

a procura é sempre intensa
beirando a procura insana
que devo eu procurar na vida
se não a própria procura por vida?

sábado, 21 de maio de 2011

ClichÊ ProtestO


ClichÊ ProtestO
(Vinícius Andrade)

a prostituta é prostituta
o artista é puta
a arte é o sexo
o dinheiro é o nexo

Metropolitan


Metropolitan
(Vinícius Andrade)

saudade!
onde fica sua 'sortie'

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Tênis Surrados


Tênis Surrados
(Vinícius Andrade)

dos tênis, ninguém se compadece
ninguém pensa nos tênis
que são pisados dia após dia
passo após passo
cadarço após cadarço

dos tênis, ninguém tem pena
ninguém liga pros tênis
que são sujos em lamas
chuva após chuva
lua após lua

dos tênis, ninguém quer saber
ninguém se importa com tênis
até que se tome um na bunda
amor após amor
dor após dor

dos tênis, ninguém tem dó
ninguém ouve os tênis
que, gêmeos bivitelinos,
um após outro
outro após um

àvozinha


àvozinha
(Vinícius Andrade)

a zona era a norte
a saudade será forte
a risada, seu porte
a família, minha sorte

terça-feira, 17 de maio de 2011

Panela Depressão


Panela Depressão
(Vinícius Andrade)

o ocioso está errado
por estar parado
por não fazer nada
nem mesmo merda

o feliz nos perturba
e nos atormenta
por ser saciado
com seu sossego

pro doente não há pena
ele nos condena
a saber que, vivo,
em breve, morto

eu não quero ser sábio
ter uma vida de pressão
miolos na panela
cabeça aberta

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Tem medo...?

Tem medo...?
(Vinícius Andrade)

...hein?
tem?
daquele déjà vu
dos tais vodus
que conjurarão
contra tua solidão
em face à beleza
temes a tristeza?
faz-te medrar o que?
que te faz tremer?
hein?
quem?
quantos amores
quais pavores
te deixam no chão
e mijas colchão
e nem tens mais voz
sou eu teu algoz?
brinca de testar até quando
ou para antes mesmo do comando?
tem segredo?
tem medo.

domingo, 15 de maio de 2011

Após Felicidade


Após Felicidade
(Vinícius Andrade)

que dure
que perdure
que seja maior
que faça-me melhor
que não baste
que me desgaste
que nos amasse
que nos abrace
que seja eterna
que cure a enferma
que balance
que dance
que curta, curta
que não durma
que fadigue
que belisque
que cante!
que sambe
que jogue bonito
que ao pé do ouvido
que delícia
que malícia
que saboreie
que anseie
que suscite
que felicite!

sábado, 14 de maio de 2011

2 Capuccinos


2 Capuccinos
(Vinícius Andrade)

Humaitá
aquela sensação fria
camisa do Brasil antiga
lanchonete amiga
músicos-família
vizinhança conhecida
cenário de particular vida
15° celsius ao fim do dia
papos, questões, risada
e um sentimento de nada
calores de uma cafeteira velha
misturados às mãos da funcionária nova
preparam café à moda italiana
2 capuccinos pra mim, alma lavada

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Óculos Pequenos, Grande Mundo


Óculos Pequenos, Grande Mundo
(Vinícius Andrade)

pequenos óculos
puseram no pequeno rosto
que eu já tive aos pequenos cinco

pequenos pensamentos
olhavam meus pequenos olhos
pequeninos do sol e da chuva

pequenos graus
de problemas pequeninões
porém pequenas grandes diversões

pequenos óculos
com pequenos detalhes vintage
adorados por pequenas multidões

terça-feira, 10 de maio de 2011

Mondo Cane


Mondo Cane
(Vinícius Andrade)

torto mundo sem nome
todo mundo tem fome
tolo mundo tem sonho
tonto mundo quem tolhe

Lumière


Lumière
(Vinícius Andrade)

A Light
desligou minhas memórias
antecipou meu cansaço
eliminou-me esperanças
fez do coração sapato e gato
cambiou meus fusos
impediu quaisquer sorrisos
enegrecendo a cor branca
dos meus dois ou três sisos
camuflou a origem dos mosquitos
deu força aos malditos insetos
se bandeou pro lado inimigo
virou um dos meus desafetos
quis ser engraçadinha
reinventou a palavra tormento
fez foi é baixaria
por falta de pagamento

domingo, 8 de maio de 2011

Fôsse meu este corpo


Fôsse meu este corpo
(Vinícius Andrade)

Fôsse meu esse corpo,
poria eterno em fotografia
em escultura, esculpiria
fôsse meu este contorno

Fôsse meu este corpo,
comporia bela melodia
talvez barroca harmonia
fôsse meu este assobio

Fôsse meu este corpo,
misturava noite com dia
tacava aqui uma poesia
fôsse meu este escopo

Fôsse meu este corpo,
cinema, nouveau, faria
enquadraturas criaria
fôsse meu este rolo

sábado, 7 de maio de 2011

palmas para todos


palmas para todos
(Vinícius Andrade)

palmas para um som gostoso
palmas em terceira dimensão
palmas para o brilho do olho
palmas ecoando na nossa direção

Sobre o que está Errado


Sobre o que está Errado
(Vinícius Andrade)

é um saco essa loucura
que chamam causa
que dizem justa
que é, pra mim, amargura

só eu perdi a paciência
a vontade de ver
de tentar entender
a voz da ignorância?

às vezes, dar um basta
em toda burrice
somada à chatice
não te torna aristocrata

se eu não quero ouvir
se me faço blasé
com todo prazer
não devo me redimir

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Calor do Rio


Calor do Rio
(Vinícius Andrade)

como será brincar de frio
na Islândia, na Groelândia?
Já me tremo todo e reclamo
com o fresquinho que faz no Rio
eu sou filho do sol na rua
de uma praia das 4 às 5
de achar amenos, os 45
gosto agasalhar a costa tua
como será sentir-se frio
perder o calor gostoso
viver longe, lá no norte
esquecer o sotaque do Rio

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Acróstico da Parede Pintada


Acróstico da Parede Pintada
(Vinícius Andrade)

Amanhã
Curtiremos
Risadas
Ornamentadas
Sob
Teto
Incrivelmente
Criado
Ontem

Pintaremos,
Apararemos,
Reduziremos,
Aumentaremos

Ahh...
Mas
Antes
Não
Devemos
Amar?

terça-feira, 3 de maio de 2011

22:22

22:22
(Vinícius Andrade)

o relógio é teimoso
cismou acelerar
desde as 5h45
quando tentei acordar

quando vi, batiam 9h
levantar, comer, banhar
pensar, não há tempo
é hora de trabalhar

ali no meio da tarde
alguém me manda comer
como sempre fazem
alguém me diz o que fazer

ouvi que isso faz bem
li como se deve digerir
assim, até vou crendo
a tarde faz-se seguir

umas 18h, já acabou
a luz trouxe o luar
levou embora o ânimo
e não tenho o que falar

assim, calado, chego
feliz de simples chegar
nem tem nada demais
nem tem o que celebrar

noite, coisa maluca
tantas saudades suas
me deparo, como ontem
com vinte duas e vinte duas

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Três pratos de comida


Três pratos de comida
(Vinícius Andrade)

o primeiro prato é o da fome
brilha o olho de quem come
a mãe adora
a pança lota
o preço da comida alimenta
o apetite do dono da venda

já o segundo prato, ninguém
as meninas magras somem
o pai chora
ossos mostra
ventres e mentes tão secas
doutores caretas e bestas

o terceiro é um belo pratão
abrigado na dona imaginação
menino deseja
sequer despeja
faltam-lhe só dez centavos
e olhares menos bastardos

domingo, 1 de maio de 2011

Quem matou Bin Laden?


Quem matou Bin Laden?
(Vinícius Andrade)

Assim como uma foto vale mais que mil palavras
Uma morte vale mais do que muitas mil vidas