segunda-feira, 29 de agosto de 2011

canção de ninar amor


canção de ninar amor
(Vinícius Andrade)

deite
deite aqui
deite aqui assim, agora
deite aqui sim, agora, meu bem
que te quero tão leve, tão bela, tão bem

deite aqui
para todo sempre deite-se deitemos sempre
que espero o seu sono vir ninar a gente
ó...
ó meu amor

sextas-feiras


sextas-feiras
(Vinícius Andrade)

sexta-feira eu vou
cantarolar até
a outra sexta, vou
dançar, beber
cair e dizer
o que me engasga
aquilo que me basta
e que me libertará, talvez
pois sexta, próxima
é a minha vez
de ser feliz.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

arroz, feijão e sonhos


arroz, feijão e sonhos
(Vinícius Andrade)

o ato de dormir e de sonhar
é um arroz com feijão
é prato feito para uma mente
tão banal, incompleta e vulgar
que sequer tem a capacidade
de desalegorizar o sonho
de acordar, levantar e sair
e tentar fazê-lo surgir

terça-feira, 23 de agosto de 2011

ombro e rosto namorados em um banco de metrô


ombro e rosto namorados em um banco de metrô
(Vinícius Andrade)

você deita sua cabeça
no meu ombro
para se proteger
do barulho chato,
muito chato
que o metrô faz
quando parte
rumo à próxima estação
e pensa
que não terá meu ombro
quando for eu
e não o metrô
quem estiver partindo
para outra dimensão

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Poema para Trípoli


Poema para Trípoli
(Vinícius Andrade)

cada fi lho
a desertar
cad a rei a
a bando nar
triste eu, tu e ele
de secar a pele
minhárabe tez
é lágrima que nem cai
e já se desfez
Trípoli
bonita
livrada
curtida
banida
renascida
florida

domingo, 21 de agosto de 2011

Rio, 14°


Rio, 14°
(Vinícius Andrade)

Rio catorze graus
cachecóis,
brrrrrrrs
não sinto as mãos
não sinto os pés
casacos são três
mais um sobre tudo
que cobre-me mudo
na cidade gelada
mal-acostumada
à temperatura de lá
daquele lugar
onde sol é diamante
e frio é constante

sábado, 20 de agosto de 2011

Joss Stone


Joss Stone
(Vinícius Andrade)

minha mulher que me desculpe
minha mãe que não me ouça
falar da volúpia inconteste
que reverencio com tanta força

da voz modelada em superior planeta
solucionadora da guerra, da fome
musa mesmo, diva completa
que chamo assim, Joss Stone

loira maldita, bendito olhar
inatingível bem de consumo
com jeito de não pisar, mas levitar
num palco, num mundo, num sonho

joss bandida, me fez descrer
que a humanidade sem mulheres
é algo que não vale a pena viver
melhor o inferno ao som de stones

achocolatado


achocolatado
(Vinícius Andrade)

pra você ficar
comprei toddynho
me arrumei todinho
fiz tudo tão docinho
deixei tudo ajeitadinho
pra você ficar

mas você não gosta de chocolate.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

sinceridades que só o álcool


sinceridades que só o álcool
(Vinícius Andrade)

vin
vinho
vinhou
vinhouvir

poema masculino


poema masculino
(Vinícius Andrade)

ser homem
mudou meus caminhos
fez-me cultuá-las
moldar-me às pressas
desfez feminismos
pelo fato de eu ser homem

ser homem
enculturou-me bobo
cortou-me os modos
desnudou qualquer zelo
eliminou protocolos
uma vez que homem

ser homem
apresentou-me a nichos
humanamente desprezíveis
dignos dos humanos bichos
considerarem-nos horríveis
assim é visto homem

ser homem
sacrificou-me a liberdade
do viver sem compromisso
criou burra busca por verdade
tangenciada num riso
natural mente homem

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Poema do Rio de Janeiro


Poema do Rio de Janeiro
(Vinícius Andrade)

cariocas têm cara
têm identidade própria
genética, fenotípica
são raça rara

cariocas têm aquilo
aquele bem e mal
exalam carnaval
são puro brilho

cariocas, ai jesus!
dizem devagarinho
pra onde é caminho
são de sussuros

cariocas bandas
músicas estilosas
moças melodiosas
são todas e tantas

cariocas têm Rio
e um pouco de lá
cores na lapa só há
são 'tudo' gringo

cariocas, quem dera
gosto com gosto
desgosto de agosto
somos coisa dela

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

poema da flor


poema da flor
(Vinícius Andrade)

vai, flor
vai voar errada
vai bailar no ar
faça o caminho mais longo
descubra pelo modo 'hard'
quebre-se, pois irá
doa, cure, doa, cure
passe por isto
e pergunte-me
e te direi apoio
use tua curiosidade
para voar muito longe
para perder-se no mar
para curiosamente errar
vá sendo para tentar ser
seja acariciada
e bata com tuas pétalas
quando for este o jeito...
exale teu perfume
mostre todas tuas cores
aparente só matizes
e seja mais
seja tu como fores
como as flores...

domingo, 14 de agosto de 2011

poema do dia dos pais


poema do dia dos pais
(Vinícius Andrade)

gostaria de ser pai
ainda não há tempo
não há como ser pai
pois ser pai, pai mesmo
demanda ser dois, três
uns homens a mais
uns seres superiores
que me falta ser
que falta a muitos
sejamos todos pais
sejamos todos mais

don't worry, be nice


don't worry, be nice
(Vinícius Andrade)

Nâo importa como seja
seja nice, seja bacana
seja legal, don't worry
não ligue, reconheça
que até mesmo o ruim
o mau, o vil, o antônimo
pode servir para o bem
para aprimorar, enfim
dont' worry if it hurts
há de passar toda dor
há de aprimorar, enfim
vamos fazer piada após
e mesmo que demorem
demorem muito, tardem
não há de atrapalhar
o meu caminho do bem

sábado, 13 de agosto de 2011

Poemete do tamborim


Poemete do tamborim
(Vinícius Andrade)

extensão do meu braço
na minha mão, um laço
é meu tamborim
que é parte de mim
é da bateria, o truque
escandaloso batuque
é som do tamborim
me conquistando, enfim
podia ter escolhido tantan, caixa
podia estar lá no repique
mas amor não se escolhe
se acha quando se encaixa
é som que bate, que acorda
que lidera e que dita
leva pra frente, leva adiante
mostra, guia, diz, alopra

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

argentices


argentices
(Vinícius Andrade)

tenho um olho bonito
um que faz tudo girar
tudo fácil de entender
tudo estiloso e lindo
nem sempre contido
nas estéticas metalinguísticas
que adora o que é estranho
à minha sorte de inimigos
dou banho de ouro
no que eu tanto amo
com um toque de classe
dou ar duradouro
e não me ligo na morte
mas na arte de morrer
no seu ato sublime
à sublimação dou porte

argumento, roteiro e direção


argumento, roteiro e direção
(Vinícius Andrade)

tenho dois planos para minha vida:
travelling all around your body
e fugir do plano americano

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Poema para alguém querido que se vai


Poema para alguém querido que se vai
(Vinícius Andrade)

quem vai-me cortar os cabelos?
Quem cuidará dos meus pêlos
dos meus medos e apelos
quem afastará pesadelos
e dirá um bom dia
em um futuro ruim dia?
Quem diria
que aconteceria?
quem poderia prever...
quem irá me proteger?
qual canção?
qual frase, citação
gostarias sim, gostarias não
quando estiveres no chão?
soará algum tipo de sino?
virá coroinha, anjo, menino?
será beatificado o destino
com cenário e traje marroquino?
é pra chorar
ou é pra sorrir?
é pra parar
ou pra seguir?
como vai ser?
vai-se...
ser?
se?

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

segunda-feira, porra...


segunda-feira, porra...
(Vinícius Andrade)

...não é dia de se discutir humor
sequer é dia de produzir amor
ou de (des)questionar
ou de tentar fazer melhorar

aceito as indagações honestas
mas não as pueris atitudes manifestas
de gente que, porra...
passa a semana esperando que a segunda morra

Melancholia


Melancholia
(Vinícius Andrade)

o que há de errado com um pouquinho de destruição
e o que há de correto com toda aquela celebração?

Monólogos


Monólogos
(Vinícius Andrade)

Uma pessoa
vem involuir todas as coisas
Eu, logo eu, que sou esperto
sofro por nunca revelar o que sinto
E você não deve saber
não deve sequer se preocupar
eu monologo...
Taco fogo em qualquer chance de sofrer
mas com amigos, bar e álcool
até me abro, faço-me compadecer
culpa sua, culpa minha,
culpa a vida.
que acreditamos ser demodé
coisas antigas, palavras, romantismos
buquês.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

poema percussivo para um samba enredo


poema percussivo para um samba enredo
(Vinícius Andrade)

Tum... Tum... TumTum... TumTum... Tum... Tum...

pralaepracá pralaepracá pralaepracá pralaepracá!

umdoistrêsquá... umdoistrê... umdoistrêsquá...

chiquechiquechiquechique...


apiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiito!
tecotelecotecotecotelecotecotecoté!


Tum... Tum... TumTum... Tum TumTum...

pracaepralá pracaepralá pracaepralá pracaepralá!

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Poema do homem humano


Poema do homem humano*
(Vinícius Andrade)

poetas descriminalizam o resto da humanidade
com suas palavras e sentidos da vida em rima
com sua vida de suavidades às coisas da vida
com aquele quê de gente humana de verdade




*homenagem ridícula a Guimarães Rosa

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

poesias cem poesia


poesias cem poesia
(Vinícius Andrade)

um dia tive iniciativa
de blogar dia pós dia
cada boba minha poesia
que me viesse à ideia
registrar mensagens
reverenciar bobagens
pôr na rede minhas viagens
eternizar minhas malucagens
tão sãs para ninguém
tocantes para alguém
que sequer imaginei falarem bem
quiçá ter saco e inspiração
paciência, disposição
para chegar à poesia número cem

metalinguagem
coisa que amo
coisa que faço
experimente também

cheguem a cem
e ignorem o cem

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Poema do casal que bebe álcool


Poema do casal que bebe álcool
(Vinícius Andrade)

Sempre há de haver um bar
um local onde eu estarei
aguardando sem ansiedade
pelas tuas lamúrias
pelas novas velhas reclamações
da vida que não foi como queria
do dia sem tempo para nada
de um roteiro que não foi
reclamando por reclamar
sempre nós dois
sempre no bar

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

poema para o nosso tempo voador


poema para o nosso tempo voador
(Vinícius Andrade)

você, há um mês aqui comigo,
e tudo parece muito mais corrido
parece que faz tanto tempo mais
que, contigo, realmente tanto faz...
e bem estamos a qualquer hora
sem vontade de ir pra fora
penso, fortemente, em amor
em bobagens sãs e racionais de amor
algo que não faz o menor sentido
e que não têm a ver comigo

brancos e morenos


brancos e morenos
(Vinícius Andrade)

há algo mais bonito
que uma blusa branca
das de algodão ou das de linho
sob o bronze de pele morena?

há não.

não há.