terça-feira, 27 de março de 2012

O Re-Sentido da Vida

O Re-Sentido da Vida
(Vinícius Andrade)

Você que queria mais
e você que quer mais
não fiquem tristes
somos todos assim
somos todos iguais

sempre querendo mais
uns tão correndo atrás
outros são humildes
mas todos assim
somos todos iguais

eu que queria paz
tu que sentia demais
seremos felizes?
ou ficaremos assim
seremos sempre iguais

ele, que vivia pós
nós nos unimos mais
somos as matrizes
ou filiais, tipo assim,
como nossos pais

Poesia para (meu) poeta

Poesia para (meu) poeta
(Amanda Amorim)

Homem que é poeta
não lê muita poesia
acredita que o dia-a-dia
já traz muita melancolia

Poeta que é poeta
não conta versos ou estrofes,
conta com a vida e a morte
rima inspiração e sorte

mas
poeta verdadeiramente Poeta
é mais do que o poema
é menos que uma vida
é mais ou menos
Homempoesia

Ser Só

Ser Só
(Vinícius Andrade)

O cheiro do teu fracasso é um perfume ruim
combinado ao suor dele, inhaca grudou em mim
seus perdedores, ignorantes, infelizes
que gostam de bajuladores, pedantes, atrizes
tomem rumo decente... tomem café, chá quente
façam aquilo que lhes convier o próprio ventre
mas esqueçam-me de todas as maneiras possíveis
cansei de pensar nas providências cabíveis
para sumir
para morrer
para parar de carpir
para parar de roer
as unhas
as todas unhas
que os dez dedos
alimentaram os medos

vagabundos
encardidos, imundos
vão para a ponte, taquem-se
nus, rasguem-se
que a vontade é uma só
ser só

Penas

Penas
(Vinícius Andrade)

livrai-me de sentir a pena que sinto da pena
livrai-me, quem pode me livrar dessa pena
livrai-me de sentir que a pena só condena
livrai-me, pena pequena da alma serena

Poesia para o Dia da Poesia

Poesia para o Dia da Poesia
(Vinícius Andrade)

Como nasceu a ideia,
o jogo das palavras
veio espontâneo?
formou-se tudo como
nesta mente perturbada
por palavras e ideias
que trepam entre si
se conversam
se entendem...
...e mais que isso!
visam confundir!

Como nasceu o poeta,
e seu 'dom' com as palavras?
veio quem primeiro
o dom ou o dono
ah, mente atordoada
que gosta de fazer poesia
e se regozija
e se desentende
e se arrepende,
ou diz que se arrepende,
no minuto após concluir

Ei, poeta,
poesia!

Pingos nos Peitos

Pingos nos Peitos
(Vinícius Andrade)

Chuva
nus peitos nus
de musa
quem dera minha
quiseram todos
serem pingos
aqueles pingos
para estarem cá
agora em minha boca
antes de terem estado
nos peitos teus

Cabelos Livres

Cabelos Livres
(Vinícius Andrade)

esses seus cabelos
não são loiros
nem castanhos
nem lisos
tampouco cacheados

esses seus cabelos
nem pretos
e nem brancos
nada de frisos
ou balaiages

esses seus cabelos
non-rabo-de-cavalo
quiçá tranças
teus cabelos, assim
são livres, teus cabelos

BRA x ARG

BRA x ARG
(Vinícius Andrade)

Os brasileiros
Roberto Carlos
herois
vidinha
modéstia
Ode aos corretos

Os argentinos
Diego Maradona
vilões
vidinha...
soberba
Ode aos errados.

Caipira pós-moderno

Caipira pós-moderno
(Vinícius Andrade)

Curto o interior
pois não é curto o interior

A creme-de-la-creme poétique

A creme-de-la-creme poétique
(Vinícius Andrade)

As boas poesias do poeta
não estão no papel
são as ideias
tão boas ideias
que, rápidas sacadas,
não tem tempo de serem anotadas
de tanto tempo que se gasta
ao admirá-las,
meras palavras...

Compartilhamento de poesia no século XXI

Compartilhamento de poesia no século XXI
(Vinícius Andrade)

As poesias não são mais as mesmas
coisas que já foram um dia
Elas agora tem Twitter
e outras formas de serem massa
parte integrante da massa

As poesias estão mais humanas
é mais difícil amá-las,
mas o prazer é maior

Há poesias todos os dias
E todas as horas, minutos
elas estão por toda parte
isso é uma maravilha
a verdadeira maravilha

Vanguarda

Vanguarda
(Vinícius Andrade)

Tudo jáfoi falado
o bom e o mau
o bem e o mal
O que resta, agora
É o que resta agora?

quarta-feira, 21 de março de 2012

O que é que essa alma tem?

O que é que essa alma tem?
(Vinícius Andrade)

Minha alma é pequena
precisa enxergar
ver, ouvir
comer, tocar
e pior de tudo
deseja gostar

Minha alma é densa
precisa experimentar
enxer-se
de gas lacrimogêneo
para apagar
tanto incêncio

Minha alma é lusitana
precisa errar
insiste viver
não ouve bem
é burrinha
como ninguém

Minha alma é amena
mas precisa cantar
se ouvir
ser todada
mais que isso
almejada

Vida Esfoliante

Vida Esfoliante
(Vinícius Andrade)

A vida
a cada dia
me esfolia
de maneira ardida
arranca peles velhas
camadas mortas
e faz nascer novas
camadas de vidas

A vida
me esfolia
até que dia?

A vida
me esfolia
mas o resultado
é belo

Rumo a Paris

Rumo a Paris
(Vinícius Andrade)

vamos a Paris
sempre teremos o Rio
mas preciso saber
qual das duas prefiro

vamos a Paris
demos um jeito de ir
preciso conhecer
preciso me desdividir

vamos a Paris
o caminho, acho, é lá
deixe-se ir,
precisamos andar

Interruptor

Interruptor
(Vinícius Andrade)

On:
nasci
brinquei
namorei
e fodi

casei
trabalhei
vivi
e sorri

cantei
e dancei

não herdei
mas enriquei

Off:
...

Alergia

Alergia
(Vinícius Andrade)

Quando tenho alergia
a alergia me tem
não consigo fazer
viro outro ser
quando tenho alergia
e ela me rouba a alegria
desconcentro
perco o centro
viro chato
viro espirro
que me explodo
...me fodo

segunda-feira, 5 de março de 2012

Praia

Praia
(Vinícius Andrade)

areia
areja
a mente
quente
fluente
demente
areia,
areia,
areia.

Sonho de Consumo

Sonho de Consumo
(Vinícius Andrade)

há quem ande por andar
há quem por nada, nade
há quem voe por money
há quem pare.

Endereço

Endereço
(Vinícius Andrade)

eu moro ali
esquerdo lado
de um peito seu
não vou sair

O direito de viver à mercê

O direito de viver à mercê
(Vinícius Andrade)

Não gosto de política, nem nasci pro trabalho
não sei o que é jesuíta e não condeno baralho
quero ter mil quatrocentos e vinte cinco filhos
e educá-los a sempre viver fora dos trilhos.

Não gosto de hierarquia, somos todos iguais
seres tão fedidos, não somos mais que animais
quero dizer que discordo desse conceito de mundo
e, claro, aceito então ser taxado vagabundo.

Tiraram do meu futebol a emoção do improviso
tiraram-me o alcohol, agora nem mais dirijo
era uma vez uma fábula chamada salário
o teu aplauso agora há de ser meu honorário.

Privaram nossos corações dos prazeres da vida
encheram nossas visões com redobradas mentiras
e ainda que o tempo hoje corra bem mais rápido
acho, quem sabe, que deu pra deixar o meu recado.

Morena... Moreno...

Morena... Moreno...
(Vinícius Andrade)

Morena...
Deus te fez tão bela
vê se não apela
sai dessa janela
a vida não se vê na tela
pega teu moreno
leva pra sereno
tira dele o terno
e usa o teu charme de mulher de fino trato!

Moreno...
Deus te fez esperto
vê se fica calmo
deixa desse orgulho
a vida não se vê do muro
pega tua morena
chama de pequena
tira dela algema
e lança tua lábia de mocinho de novela!

Cachaça C/ oração

Cachaça C/ oração
(Vinícius Andrade)

vamos nos ajoelhar nas escadas da Penha
Pedindo, de um jeito cândido, uma graça
se a promessa não concretizar, que pena
caindo, de um jeito bêbado, acho graça

essa tal fixação por Paris...

essa tal fixação por Paris...
(Vinícius Andrade)

essa tal fixação por Paris...
nunca entendi
mas finjo que sim
que sei de onde o povo tira
tantos artistas
tantas meias-noites
tantos tangos
tantas listas...

essa tal fixação por Paris...
ainda não entendi
quem sabe, se
me bandear por ali
descubro de onde tiram
tantas receitas
tantos poetas
tantas merdas...

essa tal fixação por Paris...
se falo que não
é mentira
se falo que sim
é vergonha
e to eu aqui, falando de Paris
tantos assuntos
tantas favelas...

e essa tal fixação por Paris...

Tim Tim Por Tim Tim

Tim Tim Por Tim Tim
(Vinícius Andrade)

Liberdade!!!
vamos salvar os cupins?
livrem também os aipins!
e sejamos gentis com os pinguins
versões polares dos guaxinins
aqueles! que vi em Parintins...
larga de papo! vem de patins!
chega mais logo que estamos afins
de papos com repiques e tamborins
chega depressa, musa de jeans!
cucas legais tão fazendo tin-tins

volto logo

volto logo
(Vinícius Andrade)

é coisa rápida esse meu sumiço
não te preocupa
não te ocupa
não te desocupa a cabeça, amigo

amiga... deixa pra cá teu ombro
à distância
toda instância
jura que sou dono do teu choro

volto logo
volto tão logo consiga ser dono
de mim

Brainstorm poético-profético

Brainstorm poético-profético
(Vinícius Andrade)

uma poesia não precisa de uma vida inteira
pra ser verdadeira

uma poesia precisa de uma vida inteira
e de uma veia

Carnaval

Carnaval
(Vinícius Andrade)

a serpentina toda sobre o chão
os restos de fantasia na mão
a gente bêbada de manhãzinha
neurônios em zig-zag caminham
pro apocalipse da alegria
rumo ao mundo de tanta agonia
a festa, atesta o silêncio
queimou-se toda num incêndio

as lembranças de um carnaval
não se repetem
nenhum carnaval é o mesmo
a vida se repete